sexta-feira, 27 de abril de 2007

VERBO INVISÍVEL

 

Verbo Invisível

 

Eu sou a segunda pessoa do verbo não encontrado.

Tu, que jamais me conjugas,

que não me declinas em tempo ou espaço.

Sou a ação que não tem nome,

o movimento que escapa à gramática.

 

Não me cabes em pretérito,

nem em futuro.

Minha existência é um ponto

fora da frase,

uma vírgula suspensa

no silêncio da intenção.

 

Sou o pronome de um verbo que se esconde,

um sujeito de um predicado que sumiu.

E, ainda assim,

eu sou.

Ainda que invisível ao léxico,

sou a força que habita

o entre-linhas do que se pensa,

mas jamais se diz.