Verbo Invisível
Eu sou a segunda pessoa do
verbo não encontrado.
Tu, que jamais me
conjugas,
que não me declinas em
tempo ou espaço.
Sou a ação que não tem
nome,
o movimento que escapa à
gramática.
Não me cabes em pretérito,
nem em futuro.
Minha existência é um
ponto
fora da frase,
uma vírgula suspensa
no silêncio da intenção.
Sou o pronome de um verbo
que se esconde,
um sujeito de um predicado
que sumiu.
E, ainda assim,
eu sou.
Ainda que invisível ao
léxico,
sou a força que habita
o entre-linhas do que se
pensa,
mas jamais se diz.