terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A TINTA DA ALMA

 

A Tinta da Alma

Havia um vazio, um espaço sem cor,

Onde a palavra indelével flutuava,

Sem âncora, sem o peso do real.

Um conceito bonito, sim, mas distante,

Como uma estrela que se vê e não se toca.

 

Mas aí seus olhos cruzaram os meus,

E um estalo, um choque de cores,

Fez o abstrato descer, fincar raízes.

Não foi preciso um juramento solene,

Bastava a curva do seu sorriso, o jeito

Que sua mão se encaixava na minha.

 

Indelével, entendi agora.

É o eco da sua risada nos dias cinzentos,

A lembrança do seu abraço que me aquece a pele,

Mesmo quando a distância tenta nos impor seu frio.

É a melodia de um instante, que ressoa,

Para além do tempo, sem se desmanchar.

 

Não é um rascunho em papel efêmero,

Mas a tatuagem que a vida quis em nós.

Marcada não por dor, mas por amor puro,

Cada detalhe seu, um traço firme,

Infundido na fibra mais íntima do meu ser.

 

Com você, a teoria se dissolveu na prática,

E o dicionário ganhou um novo sentido.

Indelével é o que somos juntos,

A essência que permanece, viva e pulsante,

Mesmo que o mundo tente apagar nossa luz.

É a prova de que certas coisas

Não se desfazem, nunca.

Você é a tinta que coloriu minha alma,

E fez o indelével existir.