A Tinta da Alma
Havia
um vazio, um espaço sem cor,
Onde
a palavra indelével flutuava,
Sem
âncora, sem o peso do real.
Um
conceito bonito, sim, mas distante,
Como
uma estrela que se vê e não se toca.
Mas
aí seus olhos cruzaram os meus,
E
um estalo, um choque de cores,
Fez
o abstrato descer, fincar raízes.
Não
foi preciso um juramento solene,
Bastava
a curva do seu sorriso, o jeito
Que
sua mão se encaixava na minha.
Indelével,
entendi agora.
É
o eco da sua risada nos dias cinzentos,
A
lembrança do seu abraço que me aquece a pele,
Mesmo
quando a distância tenta nos impor seu frio.
É
a melodia de um instante, que ressoa,
Para
além do tempo, sem se desmanchar.
Não
é um rascunho em papel efêmero,
Mas
a tatuagem que a vida quis em nós.
Marcada
não por dor, mas por amor puro,
Cada
detalhe seu, um traço firme,
Infundido
na fibra mais íntima do meu ser.
Com
você, a teoria se dissolveu na prática,
E
o dicionário ganhou um novo sentido.
Indelével
é o que somos juntos,
A
essência que permanece, viva e pulsante,
Mesmo
que o mundo tente apagar nossa luz.
É
a prova de que certas coisas
Não
se desfazem, nunca.
Você
é a tinta que coloriu minha alma,
E
fez o indelével existir.