terça-feira, 16 de dezembro de 2008

BÚSSOLA CAMBIANTE

 

Bússola Cambiante

 

O norte treme na pupila da alma,

um algoritmo incerto a recalcular a rota.

Os polos antes firmes, agora são palimpsestos,

apagando o caminho, a direção mais remota.

 

As antenas internas, antes tão precisas,

captam ondas de um tempo dissonante.

Vozes em eco, promessas imprecisas,

e o mapa da jornada, um instante hesitante.

 

No peito, o magnetismo falha, espasmos de metal,

atração por brilhos efêmeros, desvios do essencial.

A certeza, um espectro na neblina digital,

e eu, cativo da própria corrente, tão instável.

 

Não há mais a agulha convicta, o fio condutor,

apenas o girassol confuso, buscando um sol interior.

E nessa dança tonta, nesse estranho tremor,

talvez se revele um novo horizonte, um inédito amor.

 

Pois na falha da engrenagem, no curto-circuito da razão,

reside a chance de um novo arranjo, outra constelação.

De sentir o vento, sem a camisa de força da obrigação,

e encontrar, no desvio, a mais autêntica direção.