terça-feira, 20 de outubro de 2009

O HORIZONTE SE DOBROU

 

O Horizonte se Dobrou

 

Eu vivia num mapa de impossíveis,

Cada "não" era um limite traçado a ferro.

Sonhos guardados em caixas empoeiradas,

Porque o mundo dizia: "Não há como."

O azul do céu era só uma pintura,

Intocável, inatingível.

 

Até que você surgiu.

E não veio com chaves ou com fórmulas mágicas,

Mas com um olhar que desconstruiu a lógica.

De repente, a gravidade parecia bobagem,

As barreiras, meras linhas no chão.

 

Você trouxe um vento de outras paragens,

Soprando a poeira dos meus "nunca".

Aquele futuro que era só quimera,

Se fez presente, palpável, real.

O que era "impossível" virou um convite,

Um "vamos lá, a gente tenta e consegue."

 

Era como se o horizonte se dobrasse ao seu passo,

E as estrelas descessem para nos guiar.

Você não fez o milagre, você era o milagre,

Transformando o inalcançável em caminho.

O antes-era-não virou um sim vibrante,

O antes-era-sonho, agora é nossa história.

 

Com você, o mundo se abriu em possibilidades,

E o impossível deixou de ser palavra,

Para virar a realidade que a gente vive.

Uma prova de que a luz certa

Pode redesenhar qualquer destino.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O MEU AVESSO SUAVE

O Meu Avesso Suave

 

Eu sou uma distorção gentil de mim mesmo.

Não o que fui, nem o que serei em linhas retas,

mas a curva inesperada,

o reflexo que a água turva me devolve.

 

Não há ruptura violenta,

nem o peso de uma máscara.

Apenas um desvio suave,

uma lente que me reconfigura

com carinho.

 

Sou o estranho familiar,

o conhecido com um novo tom,

o eco da minha voz que agora

canta uma melodia diferente.

 

E nessa alteridade de mim,

há uma verdade mais profunda.

Porque a gentileza da distorção

permite que eu me veja

sem o rigor do original,

e me aceite, leve,

no que me tornei.


sexta-feira, 19 de junho de 2009

O QUE NÃO ACONTECEU

 

O Que Não Aconteceu

 

Não, não houve o choro.

Os olhos ficaram secos,

a garganta apertada

com as lágrimas que não desceram.

A dor, aprisionada,

virou um nó cego no peito,

uma pedra pesando

em cada respiração.

 

Não, não houve o abismo.

A terra não se abriu

sob os pés cansados.

Fiquei à beira, num limbo raso,

onde a queda era promessa e não realidade,

e a certeza do fundo nunca chegou.

Sem o mergulho, não há subida.

 

Não, não houve o silêncio.

O barulho interno nunca cessou.

Mil vozes competiam,

pensamentos em loop incessante,

um zumbido constante na alma.

Não houve a pausa, a quietude

necessária para ouvir o próprio eco,

para reorganizar o caos.

 

E assim, não houve a cura.

Não um milagre, nem a paciência do tempo.

As feridas ficaram abertas,

sufocadas sob as lágrimas não vertidas,

no limbo sem abismo,

no ruído sem fim.

O peso de tudo o que não foi liberado

tornou-se o meu próprio fardo,

a sombra do que poderia ter sido

se a travessia tivesse acontecido.


sexta-feira, 22 de maio de 2009

LUZ ENTRE SOMBRAS

 

 


Luz entre Sombras

Na penumbra da vida,
onde os medos se escondem,
uma faísca brilha,
como um farol no escuro.

As sombras dançam,
jogando formas no chão,
mas a luz que emana
é um lembrete de que há sempre um caminho.

Nos sussurros da noite,
ouço o canto da esperança,
uma melodia suave que ecoa,
desafiando a escuridão.

Cada raio que atravessa a neblina
é um convite para olhar além,
para encontrar beleza nas fissuras,
onde o brilho se torna um abrigo.

Assim seguimos, entre altos e baixos,
navegando as incertezas do ser,
sabendo que mesmo nas horas mais densas,
a luz pode surgir onde menos se espera.

E quando o sol desponta no horizonte,
as sombras se dissipam em cores vivas,
nos lembrando que a vida é feita de contrastes,
e que a luz sempre encontrará seu lugar.

TEXTURAS QUE FALAM

 


Texturas que Falam

Na superfície do mundo,
cada textura é um relato,
a casca rugosa da árvore,
um diário de intempéries e tempo.

O liso do vidro reflete,
capturando momentos em movimento,
enquanto a pedra fria e áspera
carrega a memória das eras.

As folhas secas sob os pés,
um crepitar que conta histórias,
de verões quentes e chuvas de outono,
de ciclos que nunca se encerram.

E na suavidade do algodão,
o abraço de um lar acolhedor,
cada fibra entrelaçada com carinho,
um sussurro de amor em cada costura.

As texturas falam em silêncio,
com vozes que ecoam no coração,
nos convidando a tocar e sentir,
a mergulhar nas narrativas do ser.

Assim seguimos, explorando o mundo,
com as mãos abertas e os olhos atentos,
porque nas texturas que encontramos,
há sempre uma história à espera de ser ouvida.

Se Tiver, Eu Prefiro

 

Se Tiver, Eu Prefiro

Um café quentinho pela manhã,
Sorrisos compartilhados na esquina,
O cheiro de pão fresco saindo do forno.

Nessa esquina, a vida se desenrola...

 Nessa esquina, a vida se desenrola...

Um palco vibrante, cheio de rostos.
Um milhão de histórias fluem,
Cada uma única, cada uma pulsante,
Destinos entrelaçados no cotidiano,
Movimentos sutis de esperanças e sonhos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

A MELODIA SILENCIOSA DA SAUDADE

 

A Melodia Silenciosa da Saudade

Eu me sento na janela,

o vapor da xícara de chá

desenhando formas no ar frio da manhã.

Lá fora, a cidade desperta sem pressa,

seus ruídos abafados

pela distância e pela névoa.

E em mim, uma melodia,

silenciosa e persistente,

começa a tocar.

 

Não é uma canção triste,

não exatamente.

É mais como o eco de passos em um corredor vazio,

a lembrança do calor de uma mão que já não sinto.

É a saudade,

com seus dedos invisíveis,

tocando as cordas da minha memória,

despertando rostos, risos,

palavras ditas em outros tempos.

 

Eu fecho os olhos

e as imagens vêm como flashes,

rápidas e nítidas.

Aquele dia na praia, o cheiro de sal.

A conversa de madrugada, a cumplicidade no olhar.

Pequenos fragmentos que se juntam,

formando um mosaico

do que foi e do que permanece,

mesmo na ausência.

 

A garganta aperta um pouco,

mas não há lágrimas.

É uma doçura amarga, essa saudade.

Ela me lembra da riqueza

do que já vivi,

das pessoas que cruzaram meu caminho

e deixaram suas marcas em mim.

É o presente que o passado me oferece,

um tesouro invisível

que guardo dentro do peito.

 

Eu abro os olhos novamente,

o chá agora morno.

O mundo lá fora continua seu ritmo,

indiferente à minha melodia interna.

Mas eu sei que ela está ali,

essa canção que só eu ouço,

e que, de alguma forma,

me faz sentir mais vivo,

mais humano,

mais conectado

à vastidão do que fui

e ao que ainda sou.

segunda-feira, 30 de março de 2009

MEMÓRIA DE PRIMEIROS VERSOS

 

Memória de Primeiros Versos

Uma lousa.
Dois sorrisos.
Três poemas na mesma folha.
Trocávamos papéis como quem entrega segredos.

Ela escrevia com perfume nas palavras.
Eu respondia com mãos suadas.
Tudo começava ali.

Agora, tudo parece longe,
mas a lembrança reaparece inteira
num segundo
em que ela me olha e desvia.

QUANDO TUDO COMEÇOU A PARTIR

 

Quando Tudo Começou a Partir

Foi um silêncio longo,
mas nenhum dos dois o nomeou.
Ela ficou ausente aos poucos.
Eu fui ficando inteiro demais — e pesado.

No último encontro do grupo,
ela não leu nada.
Eu li demais.

E ninguém entendeu.
Mas eu soube ali:
ela já havia partido.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

MISTÉRIO DESVELADO

 

**Mistério Desvelado**

 

No coração da cidade onde os relógios dançam, 

entre sombras e luzes que sussurram segredos, 

uma porta antiga, coberta de poeira e histórias, 

aguardava o toque de mãos curiosas. 

 

As paredes, testemunhas silenciosas, 

guardavam ecos de risos e suspiros, 

e no canto, um quadro esquecido, 

pintado com cores que nunca vi, 

parecia pulsar como um coração vivo. 

 

Ao abrir a porta, um aroma de café fresco, 

misturado ao perfume das flores noturnas, 

preencheu o ar, como se o passado e o presente 

se entrelaçassem em um abraço apertado. 

 

E ali estavam eles: personagens de contos esquecidos, 

sussurrando mistérios em línguas antigas, 

cada olhar uma chave para portas ocultas, 

cada gesto uma pista no labirinto do tempo. 

 

Um velho contador de histórias, com olhos brilhantes, 

revelou segredos sobre as estrelas que caíram do céu; 

disse que cada estrela é um desejo não realizado, 

e cada desejo uma luz que guia os perdidos. 

 

No meio da sala, um espelho distorcido refletia faces, 

não apenas as minhas, mas rostos de outros mundos; 

um jogo de realidades se desenrolava diante dos meus olhos— 

um mistério sendo desvendado em camadas sutis. 

 

E assim eu caminhei por corredores de memórias, 

onde os fantasmas dançavam sob a luz da lua; 

cada riso ecoava como um chamado à aventura, 

e cada lágrima era uma verdade esperando para ser revelada. 

 

Finalmente, compreendi: o mistério não era apenas o que estava oculto, 

mas a beleza do desconhecido que nos molda; 

e ao desvendar cada camada da vida e do tempo, 

descobri que o verdadeiro enigma é viver plenamente.