segunda-feira, 30 de março de 2009

MEMÓRIA DE PRIMEIROS VERSOS

 

Memória de Primeiros Versos

Uma lousa.
Dois sorrisos.
Três poemas na mesma folha.
Trocávamos papéis como quem entrega segredos.

Ela escrevia com perfume nas palavras.
Eu respondia com mãos suadas.
Tudo começava ali.

Agora, tudo parece longe,
mas a lembrança reaparece inteira
num segundo
em que ela me olha e desvia.

QUANDO TUDO COMEÇOU A PARTIR

 

Quando Tudo Começou a Partir

Foi um silêncio longo,
mas nenhum dos dois o nomeou.
Ela ficou ausente aos poucos.
Eu fui ficando inteiro demais — e pesado.

No último encontro do grupo,
ela não leu nada.
Eu li demais.

E ninguém entendeu.
Mas eu soube ali:
ela já havia partido.