terça-feira, 7 de abril de 2009

A MELODIA SILENCIOSA DA SAUDADE

 

A Melodia Silenciosa da Saudade

Eu me sento na janela,

o vapor da xícara de chá

desenhando formas no ar frio da manhã.

Lá fora, a cidade desperta sem pressa,

seus ruídos abafados

pela distância e pela névoa.

E em mim, uma melodia,

silenciosa e persistente,

começa a tocar.

 

Não é uma canção triste,

não exatamente.

É mais como o eco de passos em um corredor vazio,

a lembrança do calor de uma mão que já não sinto.

É a saudade,

com seus dedos invisíveis,

tocando as cordas da minha memória,

despertando rostos, risos,

palavras ditas em outros tempos.

 

Eu fecho os olhos

e as imagens vêm como flashes,

rápidas e nítidas.

Aquele dia na praia, o cheiro de sal.

A conversa de madrugada, a cumplicidade no olhar.

Pequenos fragmentos que se juntam,

formando um mosaico

do que foi e do que permanece,

mesmo na ausência.

 

A garganta aperta um pouco,

mas não há lágrimas.

É uma doçura amarga, essa saudade.

Ela me lembra da riqueza

do que já vivi,

das pessoas que cruzaram meu caminho

e deixaram suas marcas em mim.

É o presente que o passado me oferece,

um tesouro invisível

que guardo dentro do peito.

 

Eu abro os olhos novamente,

o chá agora morno.

O mundo lá fora continua seu ritmo,

indiferente à minha melodia interna.

Mas eu sei que ela está ali,

essa canção que só eu ouço,

e que, de alguma forma,

me faz sentir mais vivo,

mais humano,

mais conectado

à vastidão do que fui

e ao que ainda sou.