O Meu Avesso Suave
Eu sou uma distorção
gentil de mim mesmo.
Não o que fui, nem o que
serei em linhas retas,
mas a curva inesperada,
o reflexo que a água turva
me devolve.
Não há ruptura violenta,
nem o peso de uma máscara.
Apenas um desvio suave,
uma lente que me
reconfigura
com carinho.
Sou o estranho familiar,
o conhecido com um novo
tom,
o eco da minha voz que
agora
canta uma melodia
diferente.
E nessa alteridade de mim,
há uma verdade mais
profunda.
Porque a gentileza da
distorção
permite que eu me veja
sem o rigor do original,
e me aceite, leve,
no que me tornei.