Montanha Russa Emocional
O trilho não avisa
quando desaba,
nem o coração avisa
quando é tarde demais.
desci sem querer,
sem cinto,
sem mãos pro alto —
só a garganta presa
e o estômago no meio da alma.
não aguentei
me ver
em pleno luto,
entre o café da manhã
e a notificação ignorada.
me vi no espelho:
desfocado,
com olhos de gente que já chorou
e se esqueceu como para.
o mundo lá fora
gritava
coisas como “reage”
ou “vai passar” —
mas quem grita de fora
não ouve o que implode por dentro.
em tempos assim
nem dói mais
como dor.
é só um silêncio contínuo
vestido de corpo.
mas ainda me
reconheço
no fio tênue entre o abismo
e um poema.
e às vezes
isso basta.