domingo, 26 de dezembro de 2010

ECO FIEL

 

O Eco Fiel

 

Eu sou um reflexo de mim,

parecido com o original.

Não a cópia exata, sem alma,

mas a sombra que dança,

o espelho que me devolve

com uma nuance sutil.

 

Há algo de familiar no meu traço,

na curva do meu olhar,

como se eu fosse a memória viva

de quem um dia eu fui.

Mas também há um brilho novo,

uma leveza que a idade traz,

ou a dor que a gente aprende

a carregar sem peso.

 

Sou a versão reeditada,

o mesmo livro com outra capa.

Reconheço o autor,

e a história segue a mesma.

Mas a cada página virada,

a tinta parece mais minha,

e a voz, mesmo que eco,

ganha uma melodia

que só o tempo ensina.