Reconhecimento
Reconheci algo familiar no
espelho.
Não o traço exato de
ontem,
nem a promessa de amanhã.
Mas um brilho no fundo do
olhar,
uma ruga que contava uma
história
que só eu conhecia.
Não era a perfeição que se
busca,
nem o estranho que a vida
nos impõe.
Era a essência que
resiste,
o fragmento de um eu
antigo
que teima em permanecer.
Naquele reflexo,
o tempo e as
transformações se fundiam.
E ali, entre o novo e o
que sempre foi,
encontrei a paz de saber
que, apesar de tudo,
ainda sou eu,
com as marcas e os
mistérios,
mas com a mesma alma