quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

RECONHECIMENTO

 Reconhecimento

 

Reconheci algo familiar no espelho.

Não o traço exato de ontem,

nem a promessa de amanhã.

Mas um brilho no fundo do olhar,

uma ruga que contava uma história

que só eu conhecia.

 

Não era a perfeição que se busca,

nem o estranho que a vida nos impõe.

Era a essência que resiste,

o fragmento de um eu antigo

que teima em permanecer.

 

Naquele reflexo,

o tempo e as transformações se fundiam.

E ali, entre o novo e o que sempre foi,

encontrei a paz de saber

que, apesar de tudo,

ainda sou eu,

com as marcas e os mistérios,

mas com a mesma alma

que sempre me habitou.