terça-feira, 13 de setembro de 2011

APÓS O PONTO FINAL

 

Após o Ponto Final

 

A tinta seca.

O silêncio engole a frase.

Um respiro, talvez.

 

O que vem depois?

Não a próxima palavra,

mas a reverberação.

 

Um eco no vazio,

a sombra de uma ideia

que se desfaz no ar rarefeito.

 

Nas entrelinhas do nada,

pulsa o não-dito,

o quase-pensamento.

 

Ali, oculto,

o germe do que poderia ter sido,

ou o pó do que nunca existiu.

 

É o espaço entre os átomos,

a pausa antes do som,

o lugar onde o sentido se dissolve

e a ausência se manifesta.

 

Uma tela em branco,

onde o olhar busca contornos,

formas que nunca se concretizam.

 

Apenas a promessa de um sussurro,

a bruma de um esquecimento,

a leveza do que não tem peso,

e se perde,

além do ponto final.