A Poesia Escondida no Café da Manhã
Eu
acordo e o sol já espia pela janela,
um
filete dourado sobre o tapete.
O
cheiro do café coando,
um
perfume morno e convidativo,
já
preenche o ar da cozinha.
É
o início.
É
o primeiro verso do dia.
Eu
pego a caneca preferida,
pesada
e familiar nas minhas mãos.
O
vapor que se eleva,
desenha
nuvens efêmeras no ar frio da manhã.
Eu
adiciono o açúcar, o leite,
cada
movimento, um ritual.
Sinto
o calor na palma,
a
promessa de um despertar.
A
primeira golada,
um
amargo suave que se espalha,
despertando
os sentidos adormecidos.
O
crocante da torrada,
o
doce da geleia,
cada
textura, cada sabor,
um
pequeno milagre no paladar.
Não
é apenas alimento,
é
o alimento da alma.
Eu
observo as bolhas na superfície do café,
o
reflexo distorcido do meu próprio rosto.
Nesse
momento de quietude,
eu
me reconecto.
Com
o presente, com o simples fato de existir.
Não
há pressa, não há urgência.
Apenas
o fluxo lento da vida se desdobrando,
colher
por colher, gole por gole.
A
poesia não está nos grandes feitos,
mas
nos detalhes quase invisíveis.
No
barulho suave da colher batendo na porcelana,
na
luz que dança na xícara,
na
paz que inunda a casa antes que o mundo acorde.
É
a oração silenciosa do novo dia,
escrita
no vapor que sobe,
na
energia que se renova,