Marés
e Areias
Havia
uma urgência em cada passo,
Uma
pressa em conquistar, em reter.
Eu
colecionava instantes como quem guarda joias,
Achando
que a força do querer detinha o fluxo.
O
futuro era um castelo, o presente, sua construção.
Mas
a vida, em sua sabedoria silenciosa,
Sussurrava
verdades pelas frestas.
Tudo
leva tempo.
A
semente se faz flor no seu compasso,
A
montanha se ergue em milênios de paciência.
Cada
riso, cada lágrima, cada entendimento,
Tem
sua própria maré para subir e descer.
E
então, o reverso da mesma moeda:
O
tempo leva tudo.
Leva
a euforia do auge, a dor do adeus,
O
brilho intenso das promessas,
O
peso das mágoas mais antigas.
Transforma
faces, amacia as dores,
Desfaz
o que parecia imutável como areia na correnteza.
É
a dualidade inescapável da existência.
O
tempo que constrói com fibra e delicadeza,
É
o mesmo que dissolve, que transforma, que liberta.
A
grande lição não está em lutar contra seu curso,
Mas
em aprender a surfar em suas ondas.
A
aceitar que o que fica, fica com outra forma,
E
o que se vai, deixa um espaço para o novo.
Não
é sobre perder, mas sobre o eterno fluir.
Tudo
leva tempo, para ser e para se tornar.
E
no final, o tempo leva tudo,
Mas
deixa a essência, a alma da experiência,
Gravada
na memória de quem aprendeu
A
dançar com a sua inexorável passagem.