Versos Bordados em Dias Comuns
Eu me sento à mesa da cozinha,
o café esfriando na caneca,
e o sol da manhã tecendo padrões de luz
sobre a madeira.
É um dia comum, como tantos outros.
Não há grandes dramas, nem revelações cósmicas.
Apenas o ritmo suave da existência se desenrolando.
Eu observo as migalhas na toalha,
as marcas de dedos no copo,
e penso nos pequenos atos que compõem a vida.
O estender da roupa no varal,
o regar das plantas na janela,
o som do vizinho que assobia
uma melodia despretensiosa.
Nesses gestos simples, eu encontro poesia.
É como se cada minuto fosse um fio,
e eu, sem perceber, estivesse bordando a tapeçaria dos meus dias.
Um ponto para a conversa rápida com a senhora da padaria,
outro para o sorriso de uma criança desconhecida na rua.
Há fios de paciência, quando a espera se estende,
e fios de alegria, nos momentos de riso espontâneo.
Eu respiro fundo,
sinto o cheiro do sabão das mãos,
o cheiro da vida que se faz em detalhes.
Não preciso de grandes eventos para me sentir pleno.
A beleza está na repetição,
na constância das pequenas coisas que me ancoram.
No cheiro de terra depois da chuva,
no calor de um abraço rápido.
Minha alma encontra conforto
nesta simplicidade tecida em rotina.
Os versos se formam na mente,
não em rimas perfeitas,
mas na cadência do meu próprio pulsar.
E eu percebo que a vida não precisa ser extraordinária
para ser profundamente poética.
Basta que eu aprenda a ver,
a sentir,
a bordar.