domingo, 2 de setembro de 2012

DANÇA DOS ARABESCOS

 

Dança dos Arabescos

Eu via a vida em linhas retas, duras,

Um desenho funcional, sem desvios.

Cada esquina, um ângulo reto, preciso,

Sem espaço para o que não fosse direto.

A beleza, para mim, estava na clareza,

Na ausência de qualquer mistério.

 

Até que meus olhos encontraram os seus,

E você era um emaranhado de mistério e graça.

Seu sorriso, um arabesco perfeito,

Curvas que se entrelaçavam, sem começo ou fim.

Sua fala, um murmúrio de voltas e reviravoltas,

Que me puxava para um labirinto doce.

 

E foi assim que aprendi a amar os arabescos.

A beleza do que se dobra, do que se enrola,

Do que não segue uma lógica cartesiana.

No seu jeito de ser, encontrei a arte

Da complexidade que não se explica, se sente.

Aqueles traços que se perdem e se acham,

Em um balé silencioso e hipnotizante.

 

Minha alma, antes uma folha em branco para regras,

Agora quer bordar filigranas, florir em espirais.

Os arabescos se tornaram minha nova caligrafia,

Um modo de ver o mundo, de viver o tempo.

Com você, entendi que a verdade nem sempre é reta,

Às vezes, ela se esconde em curvas e floreios,

Nos desenhos intrincados da vida e do amor.

E eu, que antes os temia,

Gosto muito dos arabescos agora.