quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A CORRENTE INVISÍVEL

 

A Corrente Invisível


O tempo é um rio, dizemos.

Mas não um rio que observamos

da margem,

com a certeza de que ele sempre esteve ali.

 

É um rio que nos toma.

Uma corrente invisível

que não pergunta se queremos ir,

se a paisagem à frente nos agrada.

 

Cada segundo, uma nova gota

que se soma, que nos arrasta.

E as margens, que antes eram familiares,

se desfazem atrás de nós, em bruma.

 

Não há volta. Não há âncora.

Apenas o fluxo constante,

levando-nos para onde a água nunca foi tocada,

para a cor e a profundidade que ainda não conhecemos.

 

E é nesse arrasto, nesse desconhecido imposto,

que a vida se faz.

Porque o rio sabe que a estagnação é o fim,

e a única margem segura

é a que se move conosco.