quinta-feira, 29 de maio de 2014

SINAIS NA JANELA

 

Sinais na Janela

Através do vidro embaçado
vejo luzes piscando,
sinais mudos
de quem habita outros mundos

cada janela é um segredo
um olhar que se esconde
uma história que insiste
em se contar na penumbra

há vidas que se cruzam
sem se tocar
e vozes que ecoam
no silêncio da distância

os sinais na janela
são pontes invisíveis
entre solidões partilhadas
e esperanças guardadas

e mesmo na noite fechada
há um brilho tênue
que diz: estamos aqui.



quinta-feira, 22 de maio de 2014

AS RAÍZES DO CÉU

 

As Raízes do Céu

não meço o alto
pelos olhos —
mas por aquilo
que me sustenta por dentro

o céu tem raízes
na esperança miúda
que brota no meio da pressa
na fé que insiste
mesmo quando nada responde

há galhos invisíveis
ligando minha alma
a um azul que não se vê
mas sente

me alimento de nuvens
e de silêncios
e de promessas
que ainda não nasceram

o chão é necessário,
mas não definitivo

sou feito também
do que não toca o chão
do que cresce em direção
a algo que me chama
sem explicar

as raízes do céu
me mantêm de pé
mesmo quando tudo em volta
cai

AURORA EM MIM

 

Aurora em Mim

não acordei —
renasci devagar
como quem já chorou
e agora sorri sem pressa

dentro do peito,
o céu abriu
sem alarde,
sem anúncio,
mas cheio de cor

há uma luz nova
me atravessando
não como farol,
mas como brisa
que aquece de dentro

não preciso mais vencer o dia
basta estar
acordado o bastante
para ser inteiro

a noite ainda mora em mim
mas já não manda

porque há aurora
mesmo em olhos
que aprenderam
a ver no escuro