quarta-feira, 19 de junho de 2024

VERTIGEM

 

Vertigem

 

O chão se desfaz sob os pés,

não em queda, mas em giro,

um turbilhão de pensamentos

sem centro, sem Norte.

 

Ideias flutuam como poeira cósmica,

partículas de um universo íntimo

que se expande e se contrai,

sem lógica aparente.

 

Há perguntas gravadas no ar rarefeito,

ecoando sem resposta,

sobre o ser, o tempo,

o fio invisível que nos prende ao nada.

 

É a dança incessante da mente,

onde o eu se dissolve e renasce

a cada milésimo de dúvida,

a cada pulso de incerteza.

 

E no olho desse ciclone particular,

silenciosamente,

eu me pergunto:

qual abismo me chama?

Ou sou eu o abismo

que se abre em mim?

 

 

 

 

 

 

sábado, 15 de junho de 2024

FINALMENTE O VAZIO

 

Finalmente o Vazio

 

Enredado,

o nó emaranha o peito,

um silêncio que grita sem voz.

Não sei o que está acontecendo,

apenas sinto o chão sumir.

 

Sou um experimento, talvez.

Um fio tênue, quase invisível,

suspenso sobre o abismo,

onde o ar se torna denso

e irrespirável,

sufocante.

 

A incerteza é a única paisagem,

e a saída, um eco distante.

Não há luz no fim do túnel,

porque não há túnel,

não há espaço,

não há esperança,

apenas a densidade do escuro

que me abraça

e me consome.

 

 

 

 

 

O Fio Tênue

 

E no fio tênue, a dança.

Não é leve, não é livre,

é a dança da hesitação.

Cada passo, um cálculo,

um sopro de ar, uma ameaça.

 

Respirar dói,

como se o ar fosse agulhas finas

costurando a incerteza na pele.

E o vazio, ali embaixo,

não é um convite,

é uma verdade que espera.

 

O equilíbrio é precário,

uma miragem.

E a cada balanço, a sensação

de que o fio se desfaz,

pedaço por pedaço,

dissolvendo-se no nada.

 

 

 

 

 

 

 

 

O Peso da Incerteza

 

E a incerteza, essa névoa densa

que cega os olhos e amarra os pés.

Não é leve, não é passageira,

é um fardo invisível,

uma âncora que arrasta.

 

Pesa no ar que respiro,

cada inspiração, um esforço.

Pesa nos ombros, curvos,

como se levassem o mundo

e todas as suas perguntas sem resposta.

 

É o silêncio das possibilidades,

o sussurro do "e se",

que se torna um grito no vazio.

É o tempo que se arrasta,

uma ampulheta de areia movediça,

onde o futuro não se desenha,

apenas se dissolve.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Ausência e a Prisão

 

E a luz, um mero boato,

uma lenda distante.

Aqui, só a escuridão se estende,

pesada e sem promessas.

Não é sombra, é ausência,

um vazio que engole cores e esperanças.

 

E nesse escuro, a prisão.

Não há grades, não há muros visíveis,

mas as paredes apertam,

o ar rarefeito sufoca.

É uma celas invisível,

tecida de incertezas e de "nãos".

 

Cada passo é um tropeço no breu,

cada respiração, um grito abafado.

E a saída, um eco que não chega,

uma porta trancada por dentro,

sem chave, sem maçaneta,

apenas o silêncio opressor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Porta Trancada Por Dentro

 

E a porta trancada por dentro,

não é parede, é barreira.

Não há chave, não há fresta,

apenas a mão que a segura,

a minha própria,

que não cede, não liberta.

 

É um ato de auto-prisão,

uma escolha sem nome,

que prende o passo, cala a voz.

O lado de fora, um sussurro distante,

o que poderia ser, um sonho.

 

E o silêncio aqui dentro,

não é paz, é eco.

O eco das chances perdidas,

dos caminhos não tomados.

A porta, um espelho turvo,

refletindo a mim mesmo,

o carcereiro, o prisioneiro.

 

 

 

 

 

A Auto-Prisão

 

E a auto-prisão, essa estranha liberdade

de me acorrentar sem grilhões visíveis.

Não há força externa, não há opressor,

apenas a mão invisível que me prende.

É um labirinto interno,

cujas paredes se erguem da minha própria dúvida.

 

Cada recusa, um tijolo;

cada medo, uma argamassa que endurece.

A saída, um ponto no horizonte

que se afasta à medida que me aproximo.

Sou o construtor da minha própria jaula,

o carcereiro que veste a pele do prisioneiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Silêncio Como Eco

 

E o silêncio aqui dentro,

não é paz, é um eco.

O som das palavras não ditas,

dos "talvez" que nunca se concretizaram.

É a ressonância do arrependimento,

um sussurro constante do que poderia ter sido.

 

Cada oportunidade perdida,

um golpe que reverbera nas paredes da alma.

Não há música, não há voz,

apenas o vazio que responde a si mesmo,

um eco de "e se" que se repete infinitamente,

preenchendo o espaço onde a esperança morava.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Intensidade dos Sentimentos

 

E essa intensidade, um mar sem fundo,

que não afoga, mas arrasta e comprime.

Não é uma brisa, é um furacão interno,

onde as emoções não se suavizam,

apenas ganham peso, densidade.

 

A tristeza não é tristeza, é um abismo.

A incerteza não é dúvida, é um grito preso.

Cada fibra do ser vibra com a sobrecarga,

como um fio que estica até o limite,

prestes a romper, mas que não se quebra.

 

É a vida sentida em carne viva,

onde cada toque dói, cada pensamento queima.

Não há anestesia para a alma,

apenas a plenitude esmagadora

desses sentimentos que se agigantam,

preenchendo todo o espaço, sem ar para respirar.

 

 

 

 

 

 

 

 

Vida Sentida em Carne Viva

 

E a vida sentida em carne viva,

cada toque, uma pontada.

Não há escudo, não há pele grossa,

apenas a exposição crua da alma.

É como se os nervos estivessem à flor da pele,

captando cada vibração, cada sussurro do mundo.

 

O amor, quando surge, é um incêndio;

a dor, um abismo sem fim.

Não há meios-termos, não há tons pastéis,

apenas a explosão das cores mais intensas,

pintando a existência com traços fortes e violentos.

A sensação é tão real, tão presente,

que a respiração se torna um ato consciente,

uma luta para suportar o que se sente.

 

 

 

 

 

 

 

 

O Limite de um Fio Esticado

 

E o limite de um fio esticado,

prestes a romper, mas teimosamente intacto.

Não é fragilidade, é uma resistência exaustiva.

Cada puxão, cada tensão, aproxima do ponto final,

mas a corda ainda vibra, ainda suporta.

 

É o limite da alma,

onde a elasticidade já não existe,

e a ruptura parece a única lógica.

Mas o fio, teimoso, mantém-se,

uma metáfora da persistência imposta,

da força que se nega a ceder,

mesmo quando tudo clama por um fim.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Resistência no Limite

 

E a resistência no limite,

uma batalha silenciosa e inglória.

Não é força que impulsiona,

é a última reserva, o fôlego arranhado

que se nega a ceder, a desabar.

 

Os músculos tremem, a mente vacila,

mas algo insiste, algo persiste.

É a teimosia da sobrevivência,

a recusa em aceitar a derrota,

mesmo quando a vitória é apenas a não-queda.

 

Nesse ponto extremo, a dor se confunde com a inércia,

e o desejo de parar é tão forte quanto a ânsia de continuar.

É a dignidade do fio esticado,

que se recusa a se romper,

ainda que cada fibra clame por alívio.

 

 

 

 

 

 

 

Vontade de Não Continuar

 

E a vontade de não continuar,

um cansaço que transcende o corpo.

Não é preguiça, não é desistência covarde,

é a exaustão da alma, o esgotamento da fé

em cada novo passo, em cada amanhecer.

 

Os dias se arrastam, pesados,

e a perspectiva de mais um "virá"

é um fardo insuportável.

É o desejo de que o tempo pare,

que o fio se rompa de vez,

que o silêncio se instale sem eco.

 

É a promessa do vazio, que de repente

parece menos ameaçadora que a plenitude da dor.

A ânsia de sumir, de dissolver-se

em um nada que finalmente traga a paz,

o fim da luta, o descanso sem sonhos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Ânsia do Vazio

 

E a ânsia do vazio, uma sede estranha

por aquilo que não tem forma, não tem som.

Não é medo do nada, é o acolhimento que se busca,

a promessa de um espaço onde a dor não ecoa,

onde a intensidade se dilui em silêncio puro.

 

É o chamado da ausência,

um convite para desaparecer,

para que o fio se desfaça de vez,

e a pressão ceda, e o peso se esvai.

O vazio, então, não é mais ameaça,

mas um refúgio, um ponto de fuga,

onde a existência se apaga

e finalmente se encontra a paz que a vida nega.

 

 

A Promessa do Vazio

 

E a promessa do vazio, uma melodia suave

que sussurra alívio onde antes só havia caos.

Não é uma ameaça, mas um convite,

a certeza de que, ao fim, tudo se dissolve,

e a pressão cessa, e o ruído se cala.

 

É o vislumbre de um descanso absoluto,

onde as perguntas se apagam sem respostas,

e os problemas se desfazem em nada.

O vazio, então, não é mais um abismo a ser temido,

mas um horizonte sereno,

onde a paz finalmente se instala,

uma calmaria sem fim para a alma exausta.

 

 

 

 

A Paz Além do Descanso

 

E a paz além do descanso, um estado que transcende

o simples alívio de um peso que se vai.

Não é a quietude que sucede a tempestade,

mas uma ausência de necessidade,

onde o anseio e a busca se dissolvem.

 

É a serenidade que não depende de sono,

nem de pausas, nem do fim de uma jornada.

É o ponto onde a consciência se aquieta,

livre dos ecos do passado, das promessas do futuro.

Uma leveza indescritível,

que não é a ausência de peso, mas a ausência de esforço.

 

Nesse lugar, a existência apenas é,

sem a urgência do tempo, sem a pressão do desejo.

É a dissolução da própria busca,

a descoberta de que a paz não é um destino,

mas o próprio vazio preenchido de si mesmo.

 

 

O Vazio Que Se Auto-Preenche

 

E o vazio que se auto-preenche, um paradoxo

que desfaz a lógica do que é ausência.

Não é um nada que espera ser completo,

mas uma plenitude que surge de si,

uma existência que se basta sem ter.

 

É como a vastidão do céu noturno,

que parece vazio, mas é infinito em estrelas invisíveis,

uma profundidade que se revela em sua própria essência.

Não há necessidade de adição, de preenchimento externo,

pois a essência já está ali, em cada não-coisa.

 

Nesse espaço, a paz é a própria matéria,

o silêncio, a voz mais alta que se pode ouvir.

É a libertação do conceito de falta,

a descoberta de que o vazio não é carência,

mas a forma mais pura de ser, a totalidade em sua vastidão.

 

 

 

 

 

 

 

 

Plenitude na Vastidão do Nada

 

E a plenitude na vastidão do nada, o ápice do paradoxo,

onde o vazio não é falta, mas presença absoluta.

Não é um espaço oco à espera de preenchimento,

mas o próprio infinito que se revela em sua essência.

 

É a liberdade de não ter contornos, de não ter limites,

a paz de ser tudo e nada ao mesmo tempo.

Nesse "não-lugar", a mente se aquieta,

e a existência transcende a forma, o nome, o peso.

É a perfeição do ser desprovido,

onde a completude nasce da ausência de tudo,

e o silêncio se torna a sinfonia mais rica.

 

 

 

 

 

 

Finalmente, o Silêncio Absoluto

 

E finalmente, o silêncio absoluto, não o silêncio que esconde, mas o que revela.

Não é ausência de som, mas a ausência de todo o ruído interno,

das perguntas incessantes, das expectativas que pesam.

É a dissolução da própria mente em sua busca incessante,

um ponto de quietude que transcende a percepção.

 

É o fim das oscilações, das dualidades,

o espaço onde a paz não é oposta à inquietação,

mas a única verdade que existe.

Nesse silêncio intocado, tudo se harmoniza,

e o vazio que se auto-preenche encontra sua expressão mais pura,

uma calmaria sem ecos, sem reflexos, apenas ser.

 

 

 

RESISTÊNCIA NO LIMITE

 

Resistência no Limite

 

E a resistência no limite,

uma batalha silenciosa e inglória.

Não é força que impulsiona,

é a última reserva, o fôlego arranhado

que se nega a ceder, a desabar.

 

Os músculos tremem, a mente vacila,

mas algo insiste, algo persiste.

É a teimosia da sobrevivência,

a recusa em aceitar a derrota,

mesmo quando a vitória é apenas a não-queda.

 

Nesse ponto extremo, a dor se confunde com a inércia,

e o desejo de parar é tão forte quanto a ânsia de continuar.

É a dignidade do fio esticado,

que se recusa a se romper,

ainda que cada fibra clame por alívio.