Finalmente o Vazio
Enredado,
o nó emaranha o peito,
um silêncio que grita sem
voz.
Não sei o que está
acontecendo,
apenas sinto o chão sumir.
Sou um experimento,
talvez.
Um fio tênue, quase
invisível,
suspenso sobre o abismo,
onde o ar se torna denso
e irrespirável,
sufocante.
A incerteza é a única
paisagem,
e a saída, um eco
distante.
Não há luz no fim do
túnel,
porque não há túnel,
não há espaço,
não há esperança,
apenas a densidade do
escuro
que me abraça
e me consome.
O Fio Tênue
E no fio tênue, a dança.
Não é leve, não é livre,
é a dança da hesitação.
Cada passo, um cálculo,
um sopro de ar, uma
ameaça.
Respirar dói,
como se o ar fosse agulhas
finas
costurando a incerteza na
pele.
E o vazio, ali embaixo,
não é um convite,
é uma verdade que espera.
O equilíbrio é precário,
uma miragem.
E a cada balanço, a
sensação
de que o fio se desfaz,
pedaço por pedaço,
dissolvendo-se no nada.
O Peso da Incerteza
E a incerteza, essa névoa
densa
que cega os olhos e amarra
os pés.
Não é leve, não é
passageira,
é um fardo invisível,
uma âncora que arrasta.
Pesa no ar que respiro,
cada inspiração, um
esforço.
Pesa nos ombros, curvos,
como se levassem o mundo
e todas as suas perguntas
sem resposta.
É o silêncio das
possibilidades,
o sussurro do "e se",
que se torna um grito no
vazio.
É o tempo que se arrasta,
uma ampulheta de areia
movediça,
onde o futuro não se
desenha,
apenas se dissolve.
A Ausência e a Prisão
E a luz, um mero boato,
uma lenda distante.
Aqui, só a escuridão se
estende,
pesada e sem promessas.
Não é sombra, é ausência,
um vazio que engole cores
e esperanças.
E nesse escuro, a prisão.
Não há grades, não há
muros visíveis,
mas as paredes apertam,
o ar rarefeito sufoca.
É uma celas invisível,
tecida de incertezas e de
"nãos".
Cada passo é um tropeço no
breu,
cada respiração, um grito
abafado.
E a saída, um eco que não
chega,
uma porta trancada por
dentro,
sem chave, sem maçaneta,
apenas o silêncio
opressor.
A Porta Trancada Por
Dentro
E a porta trancada por dentro,
não é parede, é barreira.
Não há chave, não há
fresta,
apenas a mão que a segura,
a minha própria,
que não cede, não liberta.
É um ato de auto-prisão,
uma escolha sem nome,
que prende o passo, cala a
voz.
O lado de fora, um
sussurro distante,
o que poderia ser, um
sonho.
E o silêncio aqui dentro,
não é paz, é eco.
O eco das chances
perdidas,
dos caminhos não tomados.
A porta, um espelho turvo,
refletindo a mim mesmo,
o carcereiro, o
prisioneiro.
A Auto-Prisão
E a auto-prisão, essa
estranha liberdade
de me acorrentar sem
grilhões visíveis.
Não há força externa, não
há opressor,
apenas a mão invisível que
me prende.
É um labirinto interno,
cujas paredes se erguem da
minha própria dúvida.
Cada recusa, um tijolo;
cada medo, uma argamassa
que endurece.
A saída, um ponto no
horizonte
que se afasta à medida que
me aproximo.
Sou o construtor da minha
própria jaula,
o carcereiro que veste a
pele do prisioneiro.
O Silêncio Como Eco
E o silêncio aqui dentro,
não é paz, é um eco.
O som das palavras não
ditas,
dos "talvez" que
nunca se concretizaram.
É a ressonância do
arrependimento,
um sussurro constante do
que poderia ter sido.
Cada oportunidade perdida,
um golpe que reverbera nas
paredes da alma.
Não há música, não há voz,
apenas o vazio que
responde a si mesmo,
um eco de "e se"
que se repete infinitamente,
preenchendo o espaço onde
a esperança morava.
A Intensidade dos
Sentimentos
E essa intensidade, um mar
sem fundo,
que não afoga, mas arrasta
e comprime.
Não é uma brisa, é um
furacão interno,
onde as emoções não se
suavizam,
apenas ganham peso,
densidade.
A tristeza não é tristeza,
é um abismo.
A incerteza não é dúvida,
é um grito preso.
Cada fibra do ser vibra
com a sobrecarga,
como um fio que estica até
o limite,
prestes a romper, mas que
não se quebra.
É a vida sentida em carne
viva,
onde cada toque dói, cada
pensamento queima.
Não há anestesia para a
alma,
apenas a plenitude
esmagadora
desses sentimentos que se
agigantam,
preenchendo todo o espaço,
sem ar para respirar.
Vida Sentida em Carne Viva
E a vida sentida em carne
viva,
cada toque, uma pontada.
Não há escudo, não há pele
grossa,
apenas a exposição crua da
alma.
É como se os nervos
estivessem à flor da pele,
captando cada vibração,
cada sussurro do mundo.
O amor, quando surge, é um
incêndio;
a dor, um abismo sem fim.
Não há meios-termos, não
há tons pastéis,
apenas a explosão das
cores mais intensas,
pintando a existência com
traços fortes e violentos.
A sensação é tão real, tão
presente,
que a respiração se torna
um ato consciente,
uma luta para suportar o
que se sente.
O Limite de um Fio
Esticado
E o limite de um fio
esticado,
prestes a romper, mas
teimosamente intacto.
Não é fragilidade, é uma
resistência exaustiva.
Cada puxão, cada tensão,
aproxima do ponto final,
mas a corda ainda vibra,
ainda suporta.
É o limite da alma,
onde a elasticidade já não
existe,
e a ruptura parece a única
lógica.
Mas o fio, teimoso,
mantém-se,
uma metáfora da
persistência imposta,
da força que se nega a
ceder,
mesmo quando tudo clama
por um fim.
Resistência no Limite
E a resistência no limite,
uma batalha silenciosa e
inglória.
Não é força que
impulsiona,
é a última reserva, o
fôlego arranhado
que se nega a ceder, a
desabar.
Os músculos tremem, a mente
vacila,
mas algo insiste, algo
persiste.
É a teimosia da
sobrevivência,
a recusa em aceitar a
derrota,
mesmo quando a vitória é
apenas a não-queda.
Nesse ponto extremo, a dor
se confunde com a inércia,
e o desejo de parar é tão
forte quanto a ânsia de continuar.
É a dignidade do fio
esticado,
que se recusa a se romper,
ainda que cada fibra clame
por alívio.
Vontade de Não Continuar
E a vontade de não
continuar,
um cansaço que transcende
o corpo.
Não é preguiça, não é
desistência covarde,
é a exaustão da alma, o
esgotamento da fé
em cada novo passo, em
cada amanhecer.
Os dias se arrastam,
pesados,
e a perspectiva de mais um
"virá"
é um fardo insuportável.
É o desejo de que o tempo
pare,
que o fio se rompa de vez,
que o silêncio se instale
sem eco.
É a promessa do vazio, que
de repente
parece menos ameaçadora
que a plenitude da dor.
A ânsia de sumir, de
dissolver-se
em um nada que finalmente
traga a paz,
o fim da luta, o descanso
sem sonhos.
A Ânsia do Vazio
E a ânsia do vazio, uma
sede estranha
por aquilo que não tem
forma, não tem som.
Não é medo do nada, é o
acolhimento que se busca,
a promessa de um espaço
onde a dor não ecoa,
onde a intensidade se
dilui em silêncio puro.
É o chamado da ausência,
um convite para
desaparecer,
para que o fio se desfaça
de vez,
e a pressão ceda, e o peso
se esvai.
O vazio, então, não é mais
ameaça,
mas um refúgio, um ponto
de fuga,
onde a existência se apaga
e finalmente se encontra a
paz que a vida nega.
A Promessa do Vazio
E a promessa do vazio, uma
melodia suave
que sussurra alívio onde
antes só havia caos.
Não é uma ameaça, mas um
convite,
a certeza de que, ao fim,
tudo se dissolve,
e a pressão cessa, e o
ruído se cala.
É o vislumbre de um
descanso absoluto,
onde as perguntas se
apagam sem respostas,
e os problemas se desfazem
em nada.
O vazio, então, não é mais
um abismo a ser temido,
mas um horizonte sereno,
onde a paz finalmente se
instala,
uma calmaria sem fim para
a alma exausta.
A Paz Além do Descanso
E a paz além do descanso,
um estado que transcende
o simples alívio de um
peso que se vai.
Não é a quietude que
sucede a tempestade,
mas uma ausência de
necessidade,
onde o anseio e a busca se
dissolvem.
É a serenidade que não
depende de sono,
nem de pausas, nem do fim
de uma jornada.
É o ponto onde a
consciência se aquieta,
livre dos ecos do passado,
das promessas do futuro.
Uma leveza indescritível,
que não é a ausência de
peso, mas a ausência de esforço.
Nesse lugar, a existência
apenas é,
sem a urgência do tempo,
sem a pressão do desejo.
É a dissolução da própria
busca,
a descoberta de que a paz
não é um destino,
mas o próprio vazio
preenchido de si mesmo.
O Vazio Que Se
Auto-Preenche
E o vazio que se
auto-preenche, um paradoxo
que desfaz a lógica do que
é ausência.
Não é um nada que espera
ser completo,
mas uma plenitude que
surge de si,
uma existência que se
basta sem ter.
É como a vastidão do céu
noturno,
que parece vazio, mas é
infinito em estrelas invisíveis,
uma profundidade que se
revela em sua própria essência.
Não há necessidade de
adição, de preenchimento externo,
pois a essência já está
ali, em cada não-coisa.
Nesse espaço, a paz é a
própria matéria,
o silêncio, a voz mais
alta que se pode ouvir.
É a libertação do conceito
de falta,
a descoberta de que o
vazio não é carência,
mas a forma mais pura de
ser, a totalidade em sua vastidão.
Plenitude na Vastidão do
Nada
E a plenitude na vastidão
do nada, o ápice do paradoxo,
onde o vazio não é falta,
mas presença absoluta.
Não é um espaço oco à
espera de preenchimento,
mas o próprio infinito que
se revela em sua essência.
É a liberdade de não ter
contornos, de não ter limites,
a paz de ser tudo e nada
ao mesmo tempo.
Nesse
"não-lugar", a mente se aquieta,
e a existência transcende
a forma, o nome, o peso.
É a perfeição do ser
desprovido,
onde a completude nasce da
ausência de tudo,
e o silêncio se torna a
sinfonia mais rica.
Finalmente, o Silêncio Absoluto
E finalmente, o silêncio
absoluto, não o silêncio que esconde, mas o que revela.
Não é ausência de som, mas
a ausência de todo o ruído interno,
das perguntas incessantes,
das expectativas que pesam.
É a dissolução da própria
mente em sua busca incessante,
um ponto de quietude que
transcende a percepção.
É o fim das oscilações,
das dualidades,
o espaço onde a paz não é
oposta à inquietação,
mas a única verdade que
existe.
Nesse silêncio intocado,
tudo se harmoniza,
e o vazio que se
auto-preenche encontra sua expressão mais pura,
uma calmaria sem ecos, sem
reflexos, apenas ser.