Mar que Mora no Peito
carrego
um mar
sem costa nem mapa
que bate em ondas calmas
ou se agita sem razão
não se vê
na superfície
mas se ouve —
num silêncio molhado
que molha os olhos
esse mar
em mim
não tem fim nem fundo
tem memórias afundadas
tem correntezas que voltam
mesmo quando já foram
às vezes
sou barquinho
às vezes naufrágio
às vezes farol
mas
sempre,
o mar mora aqui
e mesmo
quando tudo seca,
mesmo quando a alma racha,
ele pulsa —
salgado e vivo
feito verdade
é no
peito que ele habita
como se minha carne fosse areia
e minha respiração, maré
Nenhum comentário:
Postar um comentário