O Desenho do Invisível
Ninguém
o vê, mas todos sentem seu traço,
O
escultor etéreo, de dedos ligeiros.
Ele
não usa cinzel nem barro,
Sua
arte se inscreve no movimento,
Na
dança súbita da folhagem,
No
ondular dourado do campo de trigo.
A
curva que o vento faz...
É
um arco impreciso, uma geometria fluida,
Nunca
a mesma, sempre fugidia.
No
cabelo que se levanta em desalinho,
No
tecido que se infla como vela,
No
sussurro que percorre a grama.
É
uma caligrafia sem palavras,
Uma
mensagem cifrada na natureza.
A
curva que ele traça no lago sereno,
Um
espelho que se ondula e reflete o céu.
No
fumo que escapa da chaminé,
Uma
espiral efêmera que se desfaz.
Observar
a curva que o vento faz,
É
tentar decifrar o invisível,
Sentir
a força que não se prende,
A
liberdade que não se nomeia.
É
perceber que o mundo está em constante escrita,
Com
letras de ar e vírgulas de folhas,
E
que a mais bela das artes, às vezes,
É
aquela que não deixa rastro visível,
Apenas
a memória da sua dança.