sexta-feira, 19 de junho de 2015

QUANDO TE SONHO, EXISTO

 

Quando Te Sonho, Existo

 

A escuridão da noite não é vazio,

mas um portal que se abre

para o reino do possível,

onde as regras do dia se desfazem.

 

É ali, no palco macio do sono,

que tua forma se materializa,

mais vívida que a luz da manhã,

mais real que a palma da minha mão.

 

Teu riso ecoa, teu toque se acende,

e a ausência que me consome desperto

se dissolve em um abraço perfeito.

Cada detalhe teu é gravado

na carne do meu sonho.

 

E por alguns instantes mágicos,

minha alma se encontra,

o coração bate no ritmo certo,

o ar que respiro tem um cheiro,

um sentido profundo.

 

Acordo, e o corpo volta a pesar,

o quarto é apenas um quarto.

Mas a verdade é que só existo,

plenamente, verdadeiramente,

naqueles breves e infinitos momentos

em que te sonho.

 


segunda-feira, 15 de junho de 2015

PORTA TRANCADA POR DENTRO

 

Porta Trancada Por Dentro

 

E a porta trancada por dentro,

não é parede, é barreira.

Não há chave, não há fresta,

apenas a mão que a segura,

a minha própria,

que não cede, não liberta.

 

É um ato de auto-prisão,

uma escolha sem nome,

que prende o passo, cala a voz.

O lado de fora, um sussurro distante,

o que poderia ser, um sonho.

 

E o silêncio aqui dentro,

não é paz, é eco.

O eco das chances perdidas,

dos caminhos não tomados.

A porta, um espelho turvo,

refletindo a mim mesmo,

o carcereiro, o prisioneiro.

sábado, 13 de junho de 2015

O TEATRO EFÊMERO DA VIDA

 

O Teatro Efêmero da Vida


Eu me sento, espectador silencioso,

no grande palco do mundo.

As luzes mudam com o passar das horas,

o cenário, a cada estação.

E os atores, nós mesmos,

entram e saem de cena,

em um balé constante de chegadas e partidas.

É o teatro efêmero da vida.

 

Eu observo os figurinos, as máscaras,

as expressões que mudam a cada fala,

a cada passo.

Há o drama, a comédia, a tragédia,

tudo misturado em um enredo sem ensaio prévio.

As cortinas se abrem e se fecham,

e a cada ato, uma nova versão de nós surge,

moldada pelas experiências,

pelas dores, pelos amores.

 

Há cenas que eu gostaria de pausar,

de reviver em câmera lenta:

o riso que explodiu sem motivo,

o abraço que me aqueceu a alma,

o instante de revelação que mudou tudo.

E há outras que eu gostaria de apagar,

de reescrever,

mas o script não permite.

A vida segue seu curso imparável,

e nós, apenas interpretamos nossos papéis.

 

Eu sinto a fragilidade de tudo.

A beleza que desabrocha e fenece,

a voz que se cala,

o olhar que se perde no horizonte.

Mas também sinto a força da impermanência,

que nos ensina a valorizar cada aplauso,

cada silêncio,

cada respiração no palco.

 

E ao final do dia, quando as luzes diminuem,

e o palco se prepara para a próxima performance,

eu me levanto, talvez um pouco mais sábio,

um pouco mais consciente

de que sou parte dessa grande peça sem fim.

E a cada amanhecer,

a cortina se ergue novamente,

e eu estou pronto para o meu próximo ato,

nesse teatro efêmero e maravilhoso que é viver.