Pegadas na Areia do Tempo
Eu
caminho pela praia deserta da minha memória,
os
pés afundando levemente
na
areia fina e macia.
As
ondas do esquecimento vêm e vão,
apagando
e revelando as pegadas que deixei.
Algumas
são profundas, marcadas a ferro e fogo,
outras,
apenas leves depressões,
quase
imperceptíveis.
Eu
me inclino para ver melhor.
Aqui,
a pegada de um riso alto,
um
dia de sol que nunca mais volta,
mas
que ainda me aquece o peito.
Mais
à frente, a marca de uma lágrima solitária,
um
momento de dor que me ensinou a força,
a
resiliência que eu não sabia que tinha.
Há
rastros de mãos dadas,
de
companhias que me acompanharam por um trecho,
e
depois seguiram outros caminhos.
E
há as minhas próprias pegadas,
solitárias
em alguns trechos,
firmes
em outros,
revelando
a jornada que é só minha.
Eu
olho para trás,
para
a vastidão do percorrido.
O
vento da vida, às vezes,
traz
o cheiro de maresia do passado,
e
eu sinto a nostalgia suave que me invade.
Mas
sei que não posso voltar,
apenas
observar, reconhecer.
E
então, eu olho para a frente.
A
areia virgem se estende, infinita,
esperando
por novas marcas.
Não
sei que ventos soprarão,
que
marés virão para apagar ou aprofundar.
Mas
eu sigo em frente,
deixando
minhas novas pegadas,
caminho
a caminho,
sabendo
que cada passo é um verso
escrito
na areia do tempo,
único
e irrepetível.
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