segunda-feira, 23 de maio de 2016

PEGADAS NA AREIA DO TEMPO

 

Pegadas na Areia do Tempo

 

Eu caminho pela praia deserta da minha memória,

os pés afundando levemente

na areia fina e macia.

As ondas do esquecimento vêm e vão,

apagando e revelando as pegadas que deixei.

Algumas são profundas, marcadas a ferro e fogo,

outras, apenas leves depressões,

quase imperceptíveis.

 

Eu me inclino para ver melhor.

Aqui, a pegada de um riso alto,

um dia de sol que nunca mais volta,

mas que ainda me aquece o peito.

Mais à frente, a marca de uma lágrima solitária,

um momento de dor que me ensinou a força,

a resiliência que eu não sabia que tinha.

 

Há rastros de mãos dadas,

de companhias que me acompanharam por um trecho,

e depois seguiram outros caminhos.

E há as minhas próprias pegadas,

solitárias em alguns trechos,

firmes em outros,

revelando a jornada que é só minha.

 

Eu olho para trás,

para a vastidão do percorrido.

O vento da vida, às vezes,

traz o cheiro de maresia do passado,

e eu sinto a nostalgia suave que me invade.

Mas sei que não posso voltar,

apenas observar, reconhecer.

 

E então, eu olho para a frente.

A areia virgem se estende, infinita,

esperando por novas marcas.

Não sei que ventos soprarão,

que marés virão para apagar ou aprofundar.

Mas eu sigo em frente,

deixando minhas novas pegadas,

caminho a caminho,

sabendo que cada passo é um verso

escrito na areia do tempo,

único e irrepetível.

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