Suprimir o Beijo
A boca se aproxima,
um quase toque,
o ar treme entre nós,
carregado de tudo que não dizemos.
E então, recuo.
Não é falta de desejo,
mas um oceano de razões
que me impede de cruzar
essa fronteira mínima.
A pele pulsa, a memória insiste,
mas a mão invisível
daquilo que precisa ser,
me puxa para trás.
É um sabor que nunca chega à língua,
um calor que morre no ar gelado
da decisão.
O beijo suprimido,
esse não-acontecimento,
pesa mais que mil entregas.
Ele paira entre nós agora,
fantasma de um futuro não vivido,
eco de um passado que insiste.
E nele, nesse vácuo,
mora o amor que escolhe a ausência,
a dor de reter o desejo
para que algo maior, talvez,
não se desfaça.
m a mesma, inatingível, verdade.
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