Escolhi a
palavra como defesa pessoal
Escolhi a
palavra
como quem escolhe um abrigo no meio da rua,
sem chave, sem teto,
mas com um nome.
Escolhi a
palavra
como quem aponta um lápis contra o medo,
sem ponta,
mas com coragem.
Escolhi a
palavra
não para ferir,
mas para sobreviver às manhãs lentas,
às conversas suspensas,
às ausências longas.
A palavra
me defende
quando me perguntam o que sinto —
e eu não sei.
Mas escrevo.
Quando me
acusam de silêncio,
eu rabisco.
Quando me esquecem,
eu invento lembranças.
E se me
caem promessas vencidas,
eu as refaço em poema,
com um ponto final bem posicionado.
Escolhi a
palavra
porque o corpo, às vezes, falha.
Porque a voz, às vezes, treme.
Mas a palavra, não:
ela se recompõe sozinha,
mesmo ferida,
mesmo lida por engano.
A palavra
é minha espada sem lâmina,
minha reza sem igreja,
minha linha de frente
num mundo que não escuta.
Escolhi a
palavra
como defesa pessoal.
E, com ela,
vivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário