sexta-feira, 19 de junho de 2020

MAPAS PARA NENHUM LUGAR

 Mapas para Nenhum Lugar

 

Não há linhas traçadas,

nem setas apontando o Norte.

Meu mapa é uma folha em branco,

onde cada passo inventa o solo.

 

Os acidentes geográficos são meus medos,

os rios, as dúvidas que serpenteiam.

Não procuro tesouros ocultos,

apenas a respiração do caminho

sob meus próprios pés.

 

As bússolas que um dia me guiaram

viraram pó, estrelas cadentes.

E a liberdade, agora, é ter a coragem

de andar sem destino predefinido,

de ser o andarilho e a trilha.

 

Cada encruzilhada é uma escolha não feita,

uma porta para o que simplesmente é,

sem promessa de chegada.

O paraíso, talvez, seja este voo sem pouso,

este eterno estar em trânsito.

 

E assim, navego por paisagens internas,

sem rumo, sem nome para a ilha final.

O mapa é para nenhum lugar,

porque o lugar, sou eu,

em cada instante de incerteza

e infinita possibilidade.

 

 


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