EU NÃO SABIA QUE SERIA ASSIM
Essa tristeza. Não é o frio repentino do susto, nem a pontada aguda da dor. É um peso. Morno. Instalado bem no centro do peito.
Não aperta, não sufoca de repente. Apenas está lá. Como uma pedra lisa aquecida pelo sol, mas que nunca arrefece.
É uma sombra. Mas não a sombra que se alonga ao entardecer, ou que desaparece ao meio-dia.
Essa sombra não se move. Quando a luz do sol gira, quando as lâmpadas se acendem, quando o dia vira noite, ela permanece no mesmo lugar.
Fixa. Ancorada em mim.
Não é o reflexo de algo externo, não é projetada por um obstáculo visível. É a sombra da minha própria paisagem interna, projetada para dentro.
Um peso morno. Uma sombra imóvel. No centro do peito. A tristeza que não sai, que não muda com a luz, apenas habita, silenciosamente, constantemente, em mim.