segunda-feira, 21 de junho de 2021

CALMARIA ENGANOSA

 

Calmaria Enganosa

 

A superfície espelhada,

onde o sol se reflete,

engana os olhos,

com sua promessa de paz.

 

O vento sopra suave,

e as ondas, preguiçosas,

acariciam a margem,

num abraço morno e lento.

 

Mas sob a beleza calma,

um turbilhão se agita,

um monstro adormecido,

que espreita no abismo.

 

A força contida,

a fúria silenciosa,

esperam o momento,

de romper o véu.

 

 


sábado, 19 de junho de 2021

NADA É SÓ O QUE PARECE

 

Nada é Só o Que Parece

 

A névoa se deita sobre a paisagem

e o que era chão vira nuvem,

o que era árvore, fantasma.

Meus olhos traem a certeza.

 

Cada sombra um desenho,

cada luz uma mentira velada,

e a mente, tecelã de enganos,

costura mundos

onde o sólido é fumaça,

e o espelho, um portal.

 

O reflexo não me devolve

o rosto que sei,

mas uma máscara fluida,

feita de perguntas.

Onde reside o verdadeiro,

se a pele do mundo

muda a cada piscar?

 

Busco a essência além do visível,

na fissura do pensamento,

na voz que sussurra

que toda solidez é um acordo frágil,

que o real se esconde

no avesso do óbvio.

 

E então, percebo:

a confusão não está fora,

mas na lente com que vejo.

Tudo é um jogo de ilusões,

e talvez, a única verdade,

seja a busca incessante

pelo que nunca, de fato, é.