Nada é Só o Que Parece
A névoa se deita sobre a paisagem
e o que era chão vira nuvem,
o que era árvore, fantasma.
Meus olhos traem a certeza.
Cada sombra um desenho,
cada luz uma mentira velada,
e a mente, tecelã de enganos,
costura mundos
onde o sólido é fumaça,
e o espelho, um portal.
O reflexo não me devolve
o rosto que sei,
mas uma máscara fluida,
feita de perguntas.
Onde reside o verdadeiro,
se a pele do mundo
muda a cada piscar?
Busco a essência além do visível,
na fissura do pensamento,
na voz que sussurra
que toda solidez é um acordo frágil,
que o real se esconde
no avesso do óbvio.
E então, percebo:
a confusão não está fora,
mas na lente com que vejo.
Tudo é um jogo de ilusões,
e talvez, a única verdade,
seja a busca incessante
pelo que nunca, de fato, é.