quarta-feira, 30 de maio de 2007

UM FLAGRANTE

 

30 setembro 2007

 

UM FLAGRANTE

 

porque houve a vontade de escrever
e guardar o instante
que se fazia em palavras
emoção
risos
e cuidados para que ele
não desconfiasse.

e as tantas frases
que permaneceriam ocultas
foram identificadas e traduzidas
e descobertas
as formas das imensas delicadezas
com que nos tratávamos

o descuido que tirou o escudo
dos instantes de cuidados
e quebrou as barreiras
do pecado oculto
custou-nos esses muitos
sofreres
com os quais agora nos remoemos.
.
Vicente
.
.
.
"in finita mente
(a partir de um "conceito" desgastado)
os seres
as coisas
tudo perecível
não cabe no instante
o amanhã:
é imenso.
.
Wilson Guanais
.
.
.

By Vicente às setembro 30, 2007

quarta-feira, 23 de maio de 2007

VOZES NO VENTO

 

Vozes no Vento

sussurros antigos
viajam sem rumo
levados pelo vento
que nunca se cansa

são vozes de tempos
que ninguém esqueceu
contando histórias
de quem amou e partiu

elas passam leves
tocam o ouvido
como um conselho
ou um chamado

no vento, escuto
a canção invisível
de quem viveu antes
e vive ainda em mim

terça-feira, 22 de maio de 2007

PRESENÇA SILENCIOSA

 

Presença Silenciosa

Não precisas falar alto
para que te escutemos
tua voz é semente
que brota no fundo
quando tudo cala

Tu és o Deus que se senta
à mesa dos comuns
que anda na poeira da rua
que se deita com os cansados
e vela o sono dos que choram

não te escondes nas alturas
mas desces —
ao meio da dor
ao centro da espera
ao instante em que ninguém vê

e mesmo quando tudo parece ausente
há um sopro
uma paz sem razão
um calor que não vem do sol

é ali que sabemos:
estás aqui

não por merecimento nosso
mas por misericórdia tua

SENHOR, TU ESTÁS NO MEIO DE NÓS

 

Senhor, Tu Estás no Meio de Nós

Não vieste de relâmpagos
nem de colunas de fogo
mas no leve aceno da manhã
no pão partilhado
no olhar que escuta

Tu estás —
não como quem visita,
mas como quem mora
no intervalo das palavras
no espaço entre um passo e outro

estás no cansaço das mães
na fé dos simples
no silêncio que consola
sem responder

estás quando tudo parece ausente
e mesmo assim o coração
não desiste de crer

Tu estás no meio de nós
como o centro de um círculo
como raiz no chão invisível
como brisa em tarde quente

não te vemos,
mas te sabemos
porque onde há amor,
acolhimento,
respiro,
Tu estás

ECOS DO SILÊNCIO

 

Ecos do Silêncio

No coração da noite,
onde as estrelas sussurram,
ecoam os segredos guardados,
dos sonhos que nunca foram ditos.

A brisa dança entre as árvores,
carregando murmúrios de almas,
narrativas perdidas no tempo,
que se entrelaçam nas sombras.

Silêncio profundo como um abismo,
onde cada pensamento ressoa,
como ondas suaves na areia,
formando formas que logo se vão.

E no vazio do não-dito,
encontro a beleza da incerteza,
um espaço onde o amor floresce,
mesmo sem palavras para nomeá-lo.

Ecos do silêncio,
sussurros da vida que pulsa,
na cadência do instante presente,
um convite a ouvir o que não se vê.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

INSÔNIAS

 INSÔNIAS

Escancarou-se a boca da noite,
a engolir-me em seus
deprimentes silêncios,
estilhaçando cristais.

Seus tentáculos sustentados
em minha garganta,
tirando-me a calma
e a alma.

Lá, não-sei-onde,
o badalar de não-sei-quantas
horas a avisar-me
que se avizinhava a manhã,
doentia,
grávida de sol.

Não é o tempo que não passa,
são os cães que não ladram,
as corujas que não piam,
o aquário que não borbulha,
(e os scotchs que não são mais
os mesmos,
definitivamente não são).