O Peso Leve da Nostalgia
Eu
sento no banco da praça,
o
sol da tarde pintando as folhas das árvores
com
um dourado suave e melancólico.
Vejo
as crianças correndo,
suas
risadas leves e soltas
como
as folhas que o vento carrega.
E
em mim, uma sensação familiar se instala,
um
peso leve,
quase
etéreo,
que
reconheço como nostalgia.
Não
é a tristeza cortante da perda,
nem
a angústia do que não foi.
É
algo mais sutil,
como
a poeira dourada que dança nos raios de luz.
É
a lembrança de verões distantes,
de
abraços que hoje só existem na memória,
de
conversas que se perderam no tempo,
mas
que ainda ecoam em meu peito.
Eu
sinto o cheiro de grama molhada após a chuva,
e
sou transportado para a infância,
para
os joelhos ralados,
para
o gosto de terra e aventura.
Escuto
o latido de um cão no quarteirão vizinho,
e
me vem à mente o meu primeiro amigo de quatro patas,
sua
lealdade incondicional,
seu
olhar doce.
É
um paradoxo, essa nostalgia.
Um
fardo que, de alguma forma, me eleva.
Ela
me lembra do que já vivi,
da
riqueza das experiências que me moldaram.
É
a âncora do passado que me mantém conectado
às
raízes do meu ser,
às
versões de mim mesmo que já não existem,
mas
que deixaram suas pegadas no caminho.
Eu
fecho os olhos,
e
por um instante, estou lá,
naqueles
dias que já se foram.
Quando
os abro,
o
sol ainda brilha, as crianças ainda correm,
e
o mundo continua em seu fluxo constante.
Mas
eu sinto uma doce melancolia no peito,
uma
gratidão silenciosa
por
todas as memórias que carrego,
tornando
o presente mais denso,
mais
significativo.