terça-feira, 19 de junho de 2007

O PESO LEVE DA NOSTALGIA

 

O Peso Leve da Nostalgia


Eu sento no banco da praça,

o sol da tarde pintando as folhas das árvores

com um dourado suave e melancólico.

Vejo as crianças correndo,

suas risadas leves e soltas

como as folhas que o vento carrega.

E em mim, uma sensação familiar se instala,

um peso leve,

quase etéreo,

que reconheço como nostalgia.

 

Não é a tristeza cortante da perda,

nem a angústia do que não foi.

É algo mais sutil,

como a poeira dourada que dança nos raios de luz.

É a lembrança de verões distantes,

de abraços que hoje só existem na memória,

de conversas que se perderam no tempo,

mas que ainda ecoam em meu peito.

 

Eu sinto o cheiro de grama molhada após a chuva,

e sou transportado para a infância,

para os joelhos ralados,

para o gosto de terra e aventura.

Escuto o latido de um cão no quarteirão vizinho,

e me vem à mente o meu primeiro amigo de quatro patas,

sua lealdade incondicional,

seu olhar doce.

 

É um paradoxo, essa nostalgia.

Um fardo que, de alguma forma, me eleva.

Ela me lembra do que já vivi,

da riqueza das experiências que me moldaram.

É a âncora do passado que me mantém conectado

às raízes do meu ser,

às versões de mim mesmo que já não existem,

mas que deixaram suas pegadas no caminho.

 

Eu fecho os olhos,

e por um instante, estou lá,

naqueles dias que já se foram.

Quando os abro,

o sol ainda brilha, as crianças ainda correm,

e o mundo continua em seu fluxo constante.

Mas eu sinto uma doce melancolia no peito,

uma gratidão silenciosa

por todas as memórias que carrego,

tornando o presente mais denso,

mais significativo.

 

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