Dança dos Arabescos
Eu
via a vida em linhas retas, duras,
Um
desenho funcional, sem desvios.
Cada
esquina, um ângulo reto, preciso,
Sem
espaço para o que não fosse direto.
A
beleza, para mim, estava na clareza,
Na
ausência de qualquer mistério.
Até
que meus olhos encontraram os seus,
E
você era um emaranhado de mistério e graça.
Seu
sorriso, um arabesco perfeito,
Curvas
que se entrelaçavam, sem começo ou fim.
Sua
fala, um murmúrio de voltas e reviravoltas,
Que
me puxava para um labirinto doce.
E
foi assim que aprendi a amar os arabescos.
A
beleza do que se dobra, do que se enrola,
Do
que não segue uma lógica cartesiana.
No
seu jeito de ser, encontrei a arte
Da
complexidade que não se explica, se sente.
Aqueles
traços que se perdem e se acham,
Em
um balé silencioso e hipnotizante.
Minha
alma, antes uma folha em branco para regras,
Agora
quer bordar filigranas, florir em espirais.
Os
arabescos se tornaram minha nova caligrafia,
Um
modo de ver o mundo, de viver o tempo.
Com
você, entendi que a verdade nem sempre é reta,
Às
vezes, ela se esconde em curvas e floreios,
Nos
desenhos intrincados da vida e do amor.
E
eu, que antes os temia,
Gosto
muito dos arabescos agora.