A Voz Que Sempre Foi Minha
Busquei em tantos espelhos,
em ecos de outras falas,
a melodia que me definisse.
Colecionei máscaras, vesti papéis,
mas nenhuma roupagem servia.
Perdi-me em coros alheios,
caminhei por trilhas que não eram minhas,
e o silêncio da verdade
ficava cada vez mais denso.
Até que, no fundo do poço da busca,
quando desisti de encontrar,
eu a ouvi.
Não era um sussurro novo,
mas um rugido antigo,
esquecido sob camadas de medo
e expectativas.
Era a nota bruta,
o timbre sem filtro,
a canção que a alma cantava
antes mesmo de aprender a respirar.
A liberdade estava ali,
na ressonância desse som primordial,
que me lembrava quem sou
quando o mundo tenta me calar.
E agora, não há mais busca,
apenas a potência do meu próprio som,
a voz que sempre foi minha,
esperando o momento de ser ouvido,
finalmente, por mim mesmo.