Inflação - Monstro Voraz
O pão na prateleira
Olha pra mim
Com um preço que era de ontem
Mas hoje
É o dobro
Ou mais.
O carrinho do mercado
Encolhe.
As marcas preferidas
Viraram luxo.
A gente faz conta
No corredor
Com a calculadora do celular
E a esperança minguando.
O salário?
Ah, o salário...
Um papel que derrete
Nas mãos.
Compra menos,
Vale menos,
A cada dia que passa.
O futuro fica turvo.
Os planos,
Aqueles pequenos sonhos
De uma viagem,
De uma reforma,
De um conforto a mais,
Adormecem.
Ou fogem.
A gente aperta o cinto.
De novo.
E de novo.
Até sentir o osso.
O dinheiro que não dá
É a conversa da esquina,
Do almoço,
Do fim do dia.
Inflação alta.
Não é só um número
Na notícia.
É a vida que encolhe
No prato,
No bolso,
Na alma da gente.
MONSTRO VORAZ
(Soneto sem fim)
E o troco some, vira pó no ar,
O que era certo, hoje é incerto assim,
O quilo do queijo, triste de pagar.
A feira murcha antes de chegar em casa,
O sonho de ter algo vai morrendo,
A cada novo dia, a vida escassa,
O bolso chora, a gente vai sofrendo.
A conta chega cruel, sem ter piedade,
O plano de poupar, vira miragem,
E o futuro incerto, sem claridade,
A vida aperta em cada nova passagem.
Assim a inflação, monstro voraz,
Consome a esperança, rouba a paz.
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