quarta-feira, 1 de maio de 2019

INSÔNIAS 

 

INSÔNIAS

Escancarou-se a boca da noite,
a engolir-me em seus
deprimentes silêncios,
estilhaçando cristais.

Seus tentáculos sustentados
em minha garganta,
tirando-me a calma
e a alma.

Lá, não-sei-onde,
o badalar de não-sei-quantas
horas a avisar-me
que se avizinhava a manhã,
doentia,
grávida de sol.

Não é o tempo que não passa,
são os cães que não ladram,
as corujas que não piam,
o aquário que não borbulha,
(e os scotchs que não são mais
os mesmos,
definitivamente não são).

A cama se faz imensa,

mas o abandono me reclama,
enquanto o buscar solitário
da saciedade
ainda se refestela em mim,
em gotas que,
cristalinas,
despencam do chuveiro
reparador.


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