Nojo
Eu tenho
nojo da fome
que grita no estômago das crianças
e é calada
pela indiferença.
nojo da
corrupção
que veste terno
e come o pão
de quem não tem nome.
tenho
nojo da desumanidade
que transforma gente
em estatística,
da violência cotidiana
que vira trilha sonora
de quem já nem reage.
tenho
nojo —
mas não me calo.
o nojo é o grito
antes da ação,
é o enjoo de um mundo
que precisa nascer de novo.
meu nojo
não é repulsa
à dor do outro.
é repulsa
de viver num sistema
que a produz
e a lucra.
há um
tipo de nojo
que desperta:
ele queima por dentro,
até virar verbo,
até virar
luta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário