SÓLIDA SOLIDÃO
meu
quarto inerte me deixa só
e o frio (estúpido) se desprende da
vidraça fechada atrás das cortinas
de cetim amarelo-doentio
em meu
peito meus braços me dizem
que já não suportam o vazio
que deixas quando não vejo nem toco
teus lábios
quisera
poder sugá-los
por todos os ângulos
em todos os lugares:
em minha cama
no cinema
no drive-in
em qualquer parque onde brotam
as vincas
na rua
na dura realidade do dia-a-dia
até sentir que não
morrerei
na (não nessa) solidão
Revisão alternativa (mesma base, mais crua):
meu
quarto é uma caixa de ausência
o frio atravessa a cortina
como se o cetim não bastasse
meus
braços, cansados,
me imploram pele
em vez do eco
teus
lábios:
onde ficam quando o mundo me pesa?
quisera lambê-los de volta à existência
no escuro,
no riso,
no lugar onde brotam vincas e vontades
na rua
na cama
entre a pipoca e o pânico cotidiano
só assim,
talvez,
a solidão parasse
de virar rocha dentro de mim.
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