segunda-feira, 24 de maio de 2021

FIZ BACKUP DO QUE SENTI

 

Fiz backup do que senti

Antes que apagasse,
fiz backup do que senti.

Copiei teu riso pra uma pasta segura,
salvei teu olhar em nuvem,
nomeei como “inesquecível_final_versão”.

Desconfio dos sistemas,
mas confiei no instante:
aquele em que tua presença
parecia carregar todos os megabytes da ternura.

Não deixei que deletassem.
Mesmo que tu saísses do frame,
mesmo que mudassem o código.

Criei senhas em metáforas,
formatei a saudade em poema,
e instalei um antivírus
contra tudo que tentasse reescrever
o que fomos.

Agora, se quiseres saber,
ainda estás lá —
entre os arquivos ocultos do toque,
nas configurações avançadas da lembrança.

Fiz backup do que senti.
E ainda acesso,
mesmo off-line.

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