LUGAR DE VOLTAR
a dor não
latejava
ela pairava
como uma poeira miúda
depois de um desmoronamento
na pausa
entre um suspiro e outro
enxerguei as pessoas
como se fossem partes de um mesmo enjoo
passando rápidas
como quem evita perguntas
eu, ali,
num carro quieto
sem rumo
com os olhos encostados no tempo
queria
que a cidade soubesse
que eu estava cansado
e que alguém me dissesse
sem pressa,
“vem, aqui é casa.”
mas o
semáforo mudou
e a vida seguiu sua marcha automática
eu apenas fiquei
no desejo de recomeço
que ainda não sei como se faz.
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