AGORA É BASTA
(Revolta Presente)
O "não" ecoa, mas não me surpreende mais.
Não há recuo, nem virada em direção contrária
à minha natureza, ao que me faz ser.
Seu "não" retumba, mas não me cala.
O eco que outrora tamborilava no ego desnudo
Hoje é grito que rasga o silêncio.
A contundência da recusa não me dispersa,
Não me torna nuvem passageira,
Mas sim tempestade que se forma,
Um catálogo de sentimentos que não mais reprimo.
A irritação transborda, a mágua salta aos olhos.
Nesse olhar que antes me desprezava,
Agora há o fogo da minha própria revolta.
Não mais aceito, não mais me rendo.
É basta.
E NESSE BASTA, A TERRA TREME
Porque essa revolta não é um mero surto.
Ela brotou do solo árido de anos de silêncio,
Adubado pela paciência esgotada e pela esperança pisoteada.
Não é de ontem, nem de hoje.
É a explosão de uma semente que teimava em não morrer,
Mas que agora, em vez de flor, se fez vulcão.
Não há mais "nuvem passageira" para dissipar a dor,
Só a rocha em erupção, o magma que queima e transborda.
E se antes meu ego era desnudo e calado,
Agora ele se veste de fúria e de verdade.
O desprezo que percebi no seu olhar,
Hoje se reflete no espelho da minha própria determinação.
Não é só um basta dito, é um basta sentido até a alma.
É a quebra da corrente, a libertação do silêncio,
A voz que por tempo demais foi sufocada,
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