domingo, 19 de junho de 2011

GRITAR EM SILÊNCIO

 

Gritar em Silêncio

 

Há um grito que não fura a garganta,

nem estilhaça o vidro da janela.

Um som que explode no avesso da alma,

mudo para o mundo, mas ensurdecedor para quem o habita.

 

Ele nasce nas profundezas,

onde as palavras se esvaem

e a dor é pura forma, sem verbo.

É a urgência de ser visto,

de ser ouvido,

sem que nenhum músculo se mova.

 

Os olhos ardem por dentro,

a pele pulsa com a violência contida,

e o corpo, paradoxalmente,

encontra sua mais alta expressão

na imobilidade e no som zero.

 

É a voz primordial da existência,

aquela que dispensa eco e plateia,

que se manifesta no espaço ínfimo

entre o desejo e a impossibilidade.

Um grito só meu,

livre de ruídos,

totalmente puro,

totalmente real.

 


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