Imagens de Barra do Piraí, Estado do Rio de Janeiro... Fotos de Barra do Piraí, RJ - e DOCES POESIAS importadas de quedocespoesias.blogspot.com - Vicente Siqueira
quarta-feira, 30 de maio de 2018
domingo, 27 de maio de 2018
INÍCIO DOS CACOS
Início dos Cacos
Estou bem no início dos
meus cacos.
Não a poeira, nem o fim da
queda,
mas o momento exato do
estilhaço.
Onde a forma antiga se
desfaz,
e a nova ainda não tem
nome.
Aqui, o corte é fresco,
a dor, pontiaguda,
e o mapa do estrago
se desenha em cada lasca.
Não há como esconder,
ou fingir que não quebrou.
É o instante cru,
a verdade desnudada
de que algo se partiu.
Mas também é a promessa,
quase imperceptível,
de que a reconstrução
começa bem aqui,
na primeira farpa,
no primeiro brilho
de um pedaço
que ainda pode ser.
sábado, 26 de maio de 2018
sexta-feira, 25 de maio de 2018
quarta-feira, 23 de maio de 2018
PASSOS NA CALÇADA
Passos na
Calçada
Cada
passo é um verso
escrito no asfalto quente
histórias invisíveis
que se perdem no movimento
há passos
apressados
que fogem do tempo
e passos lentos
que saboreiam a cidade
calçadas
guardam segredos
de encontros e partidas
de risos esquecidos
e lágrimas sem nome
cada
pegada no chão
é um traço de vida
um convite silencioso
para ouvir o que ficou
e mesmo
na multidão,
sou único nesse caminhar
feito passos na calçada
que querem se encontrar
terça-feira, 22 de maio de 2018
segunda-feira, 21 de maio de 2018
domingo, 20 de maio de 2018
sábado, 19 de maio de 2018
sexta-feira, 18 de maio de 2018
quinta-feira, 17 de maio de 2018
quarta-feira, 16 de maio de 2018
CAMISA DE FORÇA DA OBRIGAÇÃO
Camisa de Força da
Obrigação
Não te veste, mas te
prende.
Um tecido invisível, fio a
fio,
Tecido com os
"deverias", os "tens que",
Amarrando o corpo,
roubando o ar, o pio.
Sufoca o grito que quer
ser canção,
Apaga a cor que o desejo
pintou.
Cada nó, um
"não" à intenção,
À liberdade que um dia
sonhou.
É o peso do amanhã, o
temor do "se",
A sombra que se estende
sobre o agora.
E a alma, apertada, tenta
mover-se,
Prisioneira em sua própria
demora.
Mas sinto a fibra ceder,
frágil,
A cada "não" que
o coração permite.
Rasgando a trama, um gesto
ágil,
Buscando o espaço que a
vida me remite.
terça-feira, 15 de maio de 2018
segunda-feira, 14 de maio de 2018
domingo, 13 de maio de 2018
sábado, 12 de maio de 2018
sexta-feira, 11 de maio de 2018
quinta-feira, 10 de maio de 2018
quarta-feira, 9 de maio de 2018
SOL NEGRO
Sol Negro
Sob o sol negro de um éon olvidado,
onde a grama espectral sussurra lamentos antigos,
os Desprovidos, almas errantes sem o farol celeste,
irão provar o fel da noite eterna.
Lágrimas de obsidiana, não de contrição,
mas de angústia cósmica,
verterão dos seus olhos vazios,
poças de sombra na terra desolada.
O ar rarefeito vibrará com um único som:
o gemido gutural da perda primordial,
ressoando pelas ruínas de mundos extintos.
Ódio, serpente de escamas fuliginosas,
erguerá a cabeça hedionda, e sua voz,
um raspar de pedras tumulares,
será a única canção na vastidão sombria.
Dor, espectro de mil pontas geladas,
dançará em torno dos Desprovidos,
tecendo um sudário de agonia infinita
na escuridão que os engolirá por completo.
Não haverá aurora, nem sussurro de perdão,
apenas o reino espectral da Noite sem deuses,
sem Deus,
onde o sofrimento é a moeda corrente ,
e o eco dos gemidos, a única litania.
A BÚSSOLA DA FÉ
A Bússola da Fé
Haverá um dia, prenhe de um silêncio carregado, em que aqueles que percorrem os caminhos da existência alheios à presença divina sentirão o peso da ausência como um manto de chumbo. As lágrimas, antes represadas pela ilusão da autossuficiência, jorrarão como fontes amargas, inundando a alma com a percepção tardia de um vazio insondável. A luz se extinguirá para eles, e a escuridão, outrora ignorada, se fará morada constante, fria e opressora.
Naquele tempo sombrio, a melodia da vida se transformará em um coro de gemidos lancinantes. O riso emudecerá, substituído pelo eco doloroso da constatação. O ódio, cultivado nos recantos sombrios do espírito, e a dor, sua fiel companheira, romperão as barreiras do silêncio, propagando-se em ondas de aflição. A escuridão não será apenas a ausência de luz, mas a própria manifestação do sofrimento, um lugar onde a alma se debate em vão, prisioneira das consequências de um caminho percorrido sem a bússola da fé.
A ELE
A ele
Amigo, o fim se achega. Não como um trovão distante, mas um passo na areia.
E a velha palavra insiste: Jesus,
ele vem.
Não amanhã,
nem depois da curva do tempo.
Agora.
Este rasgar de presente.
O tempo sangra urgência.
É hoje, amigo.
A mão aberta,
o gesto puro.
Dar.
A Ele,
silencioso na vastidão,
a pupila da espera.
Teu coração.
Essa matéria bruta,
esse tremor de vida.
A entrega.
Sem laços, sem nós.
Só o ser exposto.
O VENTO DOS FINS
O Vento dos Fins
Amigo, sinto o vento dos fins se aproximando, como um sussurro na folhagem densa da tarde. O livro antigo, com suas páginas amareladas pelo tempo, ecoa uma promessa: Jesus virá. Não em um futuro distante, envolto em névoas de eras, mas agora, neste instante efêmero que nos veste. O tempo urge, amigo, pulsa em nossas veias como a melodia insistente de um chamado. É hoje o dia de desabrochar a flor mais íntima, aquela que reside no jardim secreto do peito. É hoje o momento de ofertar, sem reservas, o relicário frágil e precioso do teu coração a Ele, que na quietude da eternidade, espera. A espera não é ansiosa, mas compassiva, como a do jardineiro que aguarda o tempo certo para a colheita. Entrega, amigo, essa morada de sentimentos, com suas alegrias e sombras, suas canções e silêncios. Ele acolherá, com a ternura do sol que beija a terra, a singularidade da tua essência.