Sol Negro
Sob o sol negro de um éon olvidado,
onde a grama espectral sussurra lamentos antigos,
os Desprovidos, almas errantes sem o farol celeste,
irão provar o fel da noite eterna.
Lágrimas de obsidiana, não de contrição,
mas de angústia cósmica,
verterão dos seus olhos vazios,
poças de sombra na terra desolada.
O ar rarefeito vibrará com um único som:
o gemido gutural da perda primordial,
ressoando pelas ruínas de mundos extintos.
Ódio, serpente de escamas fuliginosas,
erguerá a cabeça hedionda, e sua voz,
um raspar de pedras tumulares,
será a única canção na vastidão sombria.
Dor, espectro de mil pontas geladas,
dançará em torno dos Desprovidos,
tecendo um sudário de agonia infinita
na escuridão que os engolirá por completo.
Não haverá aurora, nem sussurro de perdão,
apenas o reino espectral da Noite sem deuses,
sem Deus,
onde o sofrimento é a moeda corrente ,
e o eco dos gemidos, a única litania.
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