Início dos Cacos
Estou bem no início dos
meus cacos.
Não a poeira, nem o fim da
queda,
mas o momento exato do
estilhaço.
Onde a forma antiga se
desfaz,
e a nova ainda não tem
nome.
Aqui, o corte é fresco,
a dor, pontiaguda,
e o mapa do estrago
se desenha em cada lasca.
Não há como esconder,
ou fingir que não quebrou.
É o instante cru,
a verdade desnudada
de que algo se partiu.
Mas também é a promessa,
quase imperceptível,
de que a reconstrução
começa bem aqui,
na primeira farpa,
no primeiro brilho
de um pedaço
que ainda pode ser.
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