Imagens de Barra do Piraí, Estado do Rio de Janeiro... Fotos de Barra do Piraí, RJ - e DOCES POESIAS importadas de quedocespoesias.blogspot.com - Vicente Siqueira
quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
A MÁQUINA DA ESPERA
A Máquina da Espera
Já não se
trata mais de "se",
mas de "como".
O tempo, que sempre foi prisão e mistério,
agora se oferece como trilha —
invisível, mas mapeada
pelas equações de quem ousa sonhar com o impossível.
Michio
Kaku, com seus olhos de futuro,
diz que não é mais ficção:
é engenharia.
A mesma que nos levou ao céu,
que pousou o homem na lua,
agora sussurra ao ouvido dos séculos:
"prepara-te, relógio, tua prisão vai ruir."
Buracos
de minhoca, campos quânticos,
curvas da relatividade —
são os novos ventos nas velas de um barco
que navega não no mar,
mas na própria estrutura do espaço.
Falta-nos
energia, dizem.
Mas quando foi que a falta
impediu o voo?
Quando foi que o medo
venceu o fogo da invenção?
A viagem
no tempo talvez ainda more
nos laboratórios do pensamento,
mas o tempo —
o próprio tempo —
já se pergunta
quanto falta
para ser atravessado
não por sonhos,
mas por passos.
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
sexta-feira, 1 de outubro de 2021
quarta-feira, 8 de setembro de 2021
DEPOIS DA EUFORIA
Depois da Euforia
O eco dos tambores ainda paira,
mesmo quando a praça já dorme.
Pisaram os confetes com pressa,
mas o vazio ficou de mãos dadas comigo.
As ruas gritavam cor, mas meus olhos,
abafados por tanta promessa,
viam apenas o chão —
molhado, brilhante de sobras.
Dancei com a multidão sem ser notado,
fui mais máscara do que rosto,
mais silêncio do que canto,
mais ausência do que desejo.
No rastro das serpentinas, busquei sentido,
mas só encontrei retalhos de mim mesmo
perdidos entre trios, brilhos e o som
de algo que prometia ser alegria.
E quando veio a quarta-feira,
não houve cinzas —
houve um espelho.
E nele, o meu cansaço vestido de festa.
Carnaval e o Sentido
O eco dos tambores atravessava os séculos,
como se a alegria pudesse justificar o tempo.
Mas eu, partícula hesitante da massa,
perguntava: quem sou entre mil rostos?
As serpentinas cortavam o céu como perguntas,
sutilezas coloridas num mundo que afunda.
O samba, tão vibrante, deslizava no asfalto,
mas em mim era abismo que não sabia dançar.
Entre máscaras sorridentes e passos precisos,
fui o intervalo, o sem-nome, o intervalo.
Porque quem grita com todos
é também quem escuta a si mesmo com medo.
A euforia dos outros me atravessou
sem jamais me pertencer.
O sentido escorregava como serpentina molhada
entre os dedos da consciência desperta.
E quando a quarta-feira chegou,
não foi fim, nem recomeço.
Foi só mais uma pergunta,
silenciosa e eterna:
vale mesmo a pena fugir de si
em nome de um instante brilhante?
Carnaval e o Sentido (continuação)
As ruas, tão cheias de passos e batuques,
ficaram desertas quando o som cessou.
Mas o vazio — esse não partiu.
Ele sentou-se ao meu lado, sem pedir licença.
Vi sorrisos sendo desfeitos no espelho do metrô,
fantasias esquecidas nos cantos da calçada,
e pensei: será que também eu fui inventado?
Será que minha alegria era só reflexo?
No fundo do peito, uma vontade de crer,
de que algo, talvez pequeno,
tivesse sido real naquela dança.
Mas o real é duro, e nem sempre dança.
E se a festa é um disfarce coletivo,
será a solidão o único nome sincero?
Ou será que no meio da multidão
a alma apenas cochila, à espera de um toque?
Porque o corpo pode pular, girar, cantar,
mas há perguntas que pulsam em silêncio:
Por que o riso exige tanto esforço?
E por que o silêncio é tão pesado depois?
.
quarta-feira, 1 de setembro de 2021
domingo, 1 de agosto de 2021
quinta-feira, 1 de julho de 2021
sábado, 19 de junho de 2021
NADA É SÓ O QUE PARECE
Nada é Só o Que Parece
A névoa se deita sobre a paisagem
e o que era chão vira nuvem,
o que era árvore, fantasma.
Meus olhos traem a certeza.
Cada sombra um desenho,
cada luz uma mentira velada,
e a mente, tecelã de enganos,
costura mundos
onde o sólido é fumaça,
e o espelho, um portal.
O reflexo não me devolve
o rosto que sei,
mas uma máscara fluida,
feita de perguntas.
Onde reside o verdadeiro,
se a pele do mundo
muda a cada piscar?
Busco a essência além do visível,
na fissura do pensamento,
na voz que sussurra
que toda solidez é um acordo frágil,
que o real se esconde
no avesso do óbvio.
E então, percebo:
a confusão não está fora,
mas na lente com que vejo.
Tudo é um jogo de ilusões,
e talvez, a única verdade,
seja a busca incessante
pelo que nunca, de fato, é.
terça-feira, 1 de junho de 2021
segunda-feira, 24 de maio de 2021
GUARDEI SEU LINK NO CORAÇÃO
Guardei seu link no coração
Não foi numa aba
do navegador,
nem num bloco de notas perdido.
Guardei teu link
no canto esquerdo do peito,
entre um sopro e outro,
onde pulsa o que não se explica.
Não salvei no
histórico —
salvei na história.
Com letra miúda,
mas sentimento alto.
Teu endereço ficou
impresso na pele da memória,
como um atalho secreto
pra quando tudo for silêncio.
E se o mundo cair
da conexão,
ainda assim te encontro
no lugar onde a tecnologia falha
e a lembrança começa.
no coração.
Lá não tem vírus,
só versos.
E o clique é interno.
FIZ BACKUP DO QUE SENTI
Fiz backup do que senti
Antes que
apagasse,
fiz backup do que senti.
Copiei teu riso
pra uma pasta segura,
salvei teu olhar em nuvem,
nomeei como “inesquecível_final_versão”.
Desconfio dos
sistemas,
mas confiei no instante:
aquele em que tua presença
parecia carregar todos os megabytes da ternura.
Não deixei que
deletassem.
Mesmo que tu saísses do frame,
mesmo que mudassem o código.
Criei senhas em
metáforas,
formatei a saudade em poema,
e instalei um antivírus
contra tudo que tentasse reescrever
o que fomos.
Agora, se
quiseres saber,
ainda estás lá —
entre os arquivos ocultos do toque,
nas configurações avançadas da lembrança.
Fiz backup do que
senti.
E ainda acesso,
mesmo off-line.
sábado, 22 de maio de 2021
VENTO ENTRE PRÉDIOS
Vento entre Prédios
escapo
pelo vão
onde o concreto se dobra
e o vento sussurra histórias
que o cimento esqueceu
ele dança
leve,
quase invisível
entre muros altos
que tentam calar o céu
carrega o
cheiro da chuva
o eco dos passos apressados
e leva embora o calor
que a cidade tenta prender
no vento
entre prédios
encontro liberdade
mesmo cercado de aço,
me sinto um pássaro
que aprende a voar no silêncio
e assim,
respiro fundo
e deixo que o vento leve
o que não preciso guardar
NO SINAL VERMELHO DO DESTINO
No Sinal Vermelho do Destino
Parei no
tempo
num instante suspenso
onde o mundo hesita
antes do próximo passo
o sinal
vermelho
não é só cor
é uma pausa
entre o querer e o ser
é o
silêncio que grita
na espera impaciente
um convite para olhar
para dentro
ali, no
meio da rua
entre buzinas e sonhos
aprendi que o destino
não é linha reta
é curva,
é breque
é escolha feita
no compasso da espera
sei que caminho —
porque a vida acontece
no entretempo
LUZES DE CONCRETO
Luzes de Concreto
A cidade
acende
antes do sol sumir
como quem tem medo
do escuro de si mesma
faróis
piscam como corações
em estado de urgência
e as janelas brilham
feito promessas adiadas
há beleza
no aço que respira
na pressa que também ama
nos passos que se cruzam
sem saber os nomes
sou feito
de calçadas
que ouviram confissões
e de postes que vigiaram
minhas noites mais densas
mas mesmo
entre muros
e buzinas e fumaça
a vida insiste
em florescer rachaduras
as luzes
de concreto
não aquecem a pele
mas acendem
alguma fé
de que ainda é possível
domingo, 9 de maio de 2021
VEM
VEM
e a
timidez se fez presente,
a te deixar envergonhada
por estar diante das lentes
do meu cristalino,
que desnudavam tuas curvas
enquanto minhas mãos desprendiam,
de teus ombros, as alças
do vestido de algodãozinho.
não
parecias saber o que fazer,
o que dizer,
a não ser o natural fechar de pernas,
cobrir os seios com as mãos
e deixar-se submissa,
ser acariciada.
a pele,
porém,
denunciava o desejo quase incontido
de dar-se,
para que corpo se confundisse
com corpo,
para que os movimentos
eternizassem o momento.
costas
apoiadas nos lençóis,
olhos semicerrados,
a divisar-me na chegança do bem —
e nada podias dizer
mais lindo e sublime
que o teu desajeitado:
vem.
sábado, 1 de maio de 2021
quinta-feira, 1 de abril de 2021
segunda-feira, 1 de março de 2021
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021
sábado, 16 de janeiro de 2021
EU NÃO SABIA
EU NÃO SABIA QUE SERIA ASSIM
Essa tristeza. Não é o frio repentino do susto, nem a pontada aguda da dor. É um peso. Morno. Instalado bem no centro do peito.
Não aperta, não sufoca de repente. Apenas está lá. Como uma pedra lisa aquecida pelo sol, mas que nunca arrefece.
É uma sombra. Mas não a sombra que se alonga ao entardecer, ou que desaparece ao meio-dia.
Essa sombra não se move. Quando a luz do sol gira, quando as lâmpadas se acendem, quando o dia vira noite, ela permanece no mesmo lugar.
Fixa. Ancorada em mim.
Não é o reflexo de algo externo, não é projetada por um obstáculo visível. É a sombra da minha própria paisagem interna, projetada para dentro.
Um peso morno. Uma sombra imóvel. No centro do peito. A tristeza que não sai, que não muda com a luz, apenas habita, silenciosamente, constantemente, em mim.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2021
O CHAMADO
O Chamado Silencioso do Desconhecido
Um sussurro na brisa, um tom que a memória não alcança, mas a pele arrepia em presságio.
Que mistério reside na curva da estrada, no eco distante de um sino?
O olhar se perde em tons de um azul indecifrável, onde o céu encontra a montanha e segredos se aninham.
Um vermelho pulsante na flor silvestre, uma promessa vibrante, um instante de pura entrega.
O farfalhar das folhas, uma conversa antiga, palavras que o vento traduz em canções efêmeras.
E a pergunta teima, insistente e suave, qual o nome desta saudade que o desconhecido me traz?
Será um portal aberto para um tempo esquecido, ou apenas a dança fugaz de sombras e luz em meu sentir?
O desconhecido chama, não com voz audível, mas com a força sutil de um imã na alma. E a exploração começa no território incerto das próprias sensações.