AINDA ALI
o sol ainda toca as janelas da vila,
mas já não resvala em mim
como antes.
falta aquele calor
que vinha dos teus passos,
aquela luz sem sombra
que teus olhos traziam
mesmo nos dias nublados.
as sardas sumiram do céu,
os cabelos cor de palha
viraram brisa em lembrança,
e o abraço inédito
segue inédito —
pendurado no varal
das possibilidades que o tempo levou.
por aqui, tudo parece igual:
os muros, os cheiros,
o barulho do portão antigo...
só eu é que mudei —
porque você,
você não está mais ali.
e desde então,
a vila também escureceu um pouco.
não toda,
só o pedaço
onde costumava amanhecer
quando você sorria.
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