Multidão Interna
Falei alto nas redes,
nos corredores, nos elevadores.
Meu nome ecoava entre notificações,
mas por dentro — era sussurro.
Porque quem grita com todos
é também quem escuta a si mesmo com medo.
No ruído dos aplausos,
escondi perguntas que não tinham palco.
Sorri para fotos que não me incluíam,
respondi com emojis o que o peito não sabia dizer.
E o mundo me abraçou em pixels,
mas faltava pele,
faltava pausa.
Aprendi a falar bonito,
mas tropecei no silêncio.
Porque há frases que não servem
quando a dor não tem legenda.
Fiquei cercado de vozes,
mas a minha — rouca e tímida —
pedia abrigo, não audiência.
Então um dia parei de gritar.
E no susto do silêncio,
descobri que o eco é sincero
quando não há ninguém para aplaudir.
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