RENASCER ALI
não voltou,
mas algo em mim permaneceu:
um brilho manso,
quase silêncio,
que aprendi a reconhecer
como meu.
as ruas da vila
seguem com seus ventos antigos,
mas agora sei caminhar nelas
sem procurar teus passos.
sei encontrar sentido
nos varais de roupa,
nos cachorros que dormem ao sol,
no assovio da tarde
que não chama ninguém.
o abraço inédito
deixou de ser espera
e virou abrigo
dentro de mim mesmo.
às vezes, ainda penso
na curva do teu sorriso,
na cor da tua ausência,
mas já não dói:
é saudade sem ferida,
lembrança sem grito.
descobri que a luz
também pode vir do avesso —
nasce quando a gente para de procurar
e começa a ser.
e foi ali,
na vila onde tudo começou,
que renasci
sem você,
mas não sem amor.
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