Quando Alguém Ouve
Muito tempo depois,
quando o tempo já não contava,
alguém — que não era inteiro,
que já tinha se quebrado demais —
parou.
Não por escolha,
mas por exaustão.
E no espaço entre um suspiro e o esquecimento,
ouviu algo.
Não era som,
mas ausência que vibrava.
Não era voz,
mas um estremecer de dentro.
Era o grito —
aquele antigo, esquecido, sem rosto,
que nunca encontrara seu próprio eco.
Mas agora, enfim,
não precisava mais ser ecoado.
A escuta bastava.
A presença bastava.
E o grito se dissolveu,
não porque foi respondido,
mas porque foi acolhido.
Ali, no silêncio de alguém partido,
ele finalmente pôde descansar.
E no lugar onde gritou por eras,
brotou uma água quieta,
onde a dor se deita,
e o mundo se vê… de novo.
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