sexta-feira, 25 de abril de 2025

A INFÂNCIA QUE NÃO VOLTA

 

A Infância que Não Volta

Eu queria voltar a ser criança,
mas não posso.

Há um tempo que não se refaz,
um chão que não aceita os mesmos passos.

A criança em mim ainda mora
num canto escondido,
mas as portas estão cobertas de poeira.

Já não sei o caminho exato,
nem o nome dos sonhos
que guardei nas primeiras manhãs.

Queria o riso fácil,
a confiança em promessas simples,
o colo sem perguntas.

Mas carrego agora
outras vozes,
outras esperas,
outras dores que ninguém me ensinou a nomear.

Crescer foi um espanto que ficou.
Não há retorno.

Só essa saudade muda
de um tempo em que bastava fechar os olhos
para estar inteiro.


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