Agora tenho menos lágrimas
Não porque a dor
passou,
mas porque aprendi a regá-la
com menos alarde.
Agora tenho menos
lágrimas —
não por ter vencido,
mas por ter feito as pazes
com o que não sei nomear.
As que restam,
escorrem com mais silêncio,
mais densas,
mais verdadeiras.
Choro menos,
mas sinto mais.
E isso é estranho,
às vezes bonito,
às vezes só… inevitável.
Algumas dores viraram
paisagem,
outras, memória organizada em caixas internas.
Já não preciso que tudo transborde
pra saber que é real.
Aprendi a
respirar no meio do vendaval,
a sorrir com os olhos embaçados,
a caminhar mesmo com um nó na garganta.
Agora tenho menos
lágrimas —
mas cada uma delas
conhece o caminho do meu rosto
como uma prece antiga.
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